Pressão, pressão. O impeachment da presidente Dilma Rousseff no Plenário da Câmara foi marcada para a a partir das 2 da tarde deste domingo, dia 17. Nas ruas, grupos contrários e favoráveis ao governo Dilma fazem protestos desde sexta-feira, dia 15.
Um protesto na frente do hotel onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está hospedado em Brasília, terminou em parafernália no sábado, dia 16. Um manifestante a favor do impeachment de Dilma acusou os seguranças de Lula de agredi-lo.
Êta. O Palácio do Planalto confirmou o cancelamento do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff na noite de sexta-feira, dia 15.
No discurso, a petista reafirmaria que o processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados e deve ser votado no domingo, dia 17, é uma tentativa de golpe.
Nas últimas semanas, Dilma tem insistido na maioria das aparições públicas que não cometeu nenhum crime de responsabilidade e, portanto, o impeachment não tem fundamento legal, sendo um atentado contra a democracia.
Além disso, nos últimos dias, a presidente prometeu propor um pacto com todas as forças políticas e com toda sociedade para a retomada do crescimento.
Na reta final da batalha na Câmara contra o impeachment, a presidente Dilma Rousseff vai dedicar os próximos dias a receber apoio e fazer “corpo a corpo” com os parlamentares para convencê-los a manter seu mandato e propor uma “nova coalizão”.
Nesta sexta-feira, dia 15, ela recebe o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, que nos últimos dias tem se posicionado contra o impeachment e dito que não há fundamento para tal. No Twitter, Almagro disse que virá ao Brasil para “reiterar apoio à institucionalidade e respeito à Constituição”.
Na manhã de sábado, dia 16, Dilma participa de ato promovido pela Frente Brasil Popular contra o processo que tramita na Câmara. O evento, denominado Ato com Movimentos Sociais pela Democracia, vai reunir entidades que estão em Brasília, como a Central Única dos Trabalhadores, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, União Nacional dos Estudantes e Central dos Trabalhadores Brasileiros.
O encontro será uma forma de agradecer a presença de militantes de outras partes do Brasil e animá-los para os “três dias de batalha” que se seguirão, nas palavras de um dos organizadores do evento.
Segundo os movimentos, milhares de pessoas já estão acampadas próximo à região central da capital federal, assim como os integrantes de movimentos pró-impeachment, em outra localidade da cidade. A partir desta sexta, dia 14, as manifestações de um e de outro lado vão se intensificar, o que vai inviabilizar desde cedo o trânsito de toda a Esplanada dos Ministérios.
Foto: Divulgação
Fonte: Agência Brasil
Um encontro da presidente com governadores da base aliada que são contra o impeachment também pode ocorrer nos próximos dias.
Funcionários do governo estão convocados para trabalhar durante todo o fim de semana no monitoramento das discussões e da votação no plenário. No domingo, Dilma permanecerá no Palácio da Alvorada, residência oficial, acompanhando a votação. Integrantes da articulação política, porém, devem permanecer no Planalto em contato com as lideranças do governo do Congresso.
Nesta quarta-feira (13), o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse que a presidenta tem procurado os deputados para apresentar argumentos quanto ao processo. A promessa de Dilma é iniciar, na semana que vem, caso derrube o impeachment, um “grande pacto” com “diálogo nacional” com todos os seguimentos da sociedade.
Interlocutores do Palácio do Planalto informam que os recentes anúncios de que partidos como PP e PSD votarão pelo impeachment apenas “queimaram a gordura” de votos que o governo possuía, e que portanto ainda há mais de 172 votos para barrar o impeachment. Ao dizer que o apoio atual é de “quase 172”, o líder do PT na Câmara, Afonso Florence verbalizou outra estratégia que tem sido ouvida dos governistas: a de que os oposicionistas não têm 342 votos.
Em discurso nesta quinta-feira (14) no plenário da Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) utilizou o mesmo tom. “Não há dois terços neste plenário para aprovar o impeachment. Não adianta gritar, levantar papel”, afirmou, criticando ainda o papel favorável ao impeachment que, segundo ela, tem sido desempenhado pela “grande mídia”.
Olha aí. O PSD anunciou na noite de quarta-feira, dia 13, que apoiará o impeachment da presidente Dilma Rousseff na votação deste domingo.
Dos 38 deputados do partido, 30 são favoráveis ao impedimento da petista. Apesar da movimentação da bancada, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, ainda não informou se entregará o cargo.
O governo, que acredita ter 11 votos na bancada, ainda tenta segurar o partido. Mesmo após o anúncio do PSD, um dos negociadores do Planalto no Congresso informou que a oferta do Ministério do Turismo ainda está de pé.
O PSD já havia liberado seus deputados para votarem como quisessem. No entanto, a maioria da bancada cobrou uma posição definida da legenda. “Mudamos de liberado para favorável, mas respeitando a posição dos deputados divergentes”, disse o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), que afirmou que os dissidentes não serão punidos.
Os parlamentares da legenda entenderam que era preciso que o partido tivesse posição clara, principalmente em função das eleições municipais que ocorrem em outubro.
Presidente licenciado do PSD, Gilberto Kassab participou de parte da reunião com os deputados pela manhã. “O ministro Kassab deixou claro que a bancada é soberana. O ministro Kassab tem a característica de que sempre respeitou a posição da bancada”, afirmou Rosso.
Carta fora. Durante conversa com jornalistas, nesta quarta-feira, dia 13, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse estar confiante em uma vitória na Câmara contra o pedido de abertura de processo de impeachment. Caso isso aconteça, Dilma vai propor um amplo pacto nacional com todas as forças políticas, inclusive da oposição. Indagada se participaria de um pacto no caso de derrota, Dilma respondeu: “Se eu perder, sou carta fora do baralho”.
Olha aí. O PMDB vai decidir nesta terça-feira, dia 29, se rompe com o governo da presidente Dilma Rousseff. A decisão será tomada em reunião do Diretório Nacional, marcada para começar às 3h da tarde, em um plenário da Câmara. Várias negociações vêm sendo feitas entre os defensores da permanência do partido no governo e os contrários à manutenção do apoio da legenda.
Os sinais indicam um rompimento da legenda que tem o vice-presidente da República, Michel Temer. Até o pedido de demissão, na segunda-feira, dia 28, à noite, do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, o partido comandava sete pastas na Esplanada, além de diversos cargos no governo federal.
A aliança do PMDB com o PT vem desde o primeiro mandato de Dilma, quando Temer foi eleito vice-presidente. Nos últimos meses, cresceu o número de integrantes do partido insatisfeitos com a aliança. No último dia 12, a Convenção Nacional delegou ao Diretório Nacional o poder de, em até 30 dias, deliberar sobre os rumos que o PMDB deve seguir.
A decisão foi antecipada, após a nomeação, no dia 16, do deputado Mauro Lopes (MG), secretário-geral da legenda, para o cargo de ministro da Secretaria de Aviação Civil, contrariando uma resolução do partido, aprovada na convenção, proibindo membros de aceitar cargos no governo federal.
A nomeação irritou os peemedebistas, fazendo com que Temer não comparecesse à posse de Lopes, no dia seguinte. “O vice-presidente não vai participar da cerimônia em Brasília porque o governo resolveu afrontar uma decisão da Convenção Nacional do PMDB, nomeando Mauro Lopes”, disse, em nota, a assessoria de imprensa de Temer.
Diante da ameaça de desembarque político do principal partido da base aliada, Dilma afirmou, em declarações na última semana, que quer “muito que o PMDB permaneça” no governo, mas que vai respeitar a decisão.
Na última quinta-feira, dia 24, Temer, que é presidente nacional do PMDB, cancelou a viagem que faria a Portugal para participar de um seminário luso-brasileiro, promovido pelo Instituto Brasiliense de Direito (IBD) para se reunir com a cúpula partidária e tratar do posicionamento a ser tomado pelo partido.
Na segunda, Michel Temer se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e outros senadores para tratar da permanência no governo. É grande a possibilidade de que a ala peemedebista que apoia o governo, inclusive ministros, não compareça à reunião do diretório nacional. Se isso ocorrer, a decisão poderá ser tomada por aclamação.
Caso se confirme a saída do PMDB da base aliada, o Diretório Nacional poderá dar um tempo para que os ministros e ocupantes de outros cargos deixem o governo.
Bicho pegando. O Movimento Vem para a Rua fez um apanhado no Congresso Nacional paras saber como devem votar os 513 deputados federais e 81 senadores no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A petista precisa de 171 votos para evitar que o processo de destituição siga para o Senado.
Na Bahia, dos 39 deputados federais 12 são favoráveis e 13 contrários. Outros 14 ainda estão indecisos. Todos os três senadores são contra: Walter Pinheiro (PT), Lídice da Mata (PSB) e Otto Alencar (PSD).
Veja quem vota a favor:
Antonio Imbassahy (PSDB), Arthur Maia (PPS), Benito Gama (PTB), Claudio Cajado (DEM), Elmar Nascimento (DEM), Irmão Lazaro (PSC), João Gualberto (PSDB), José Carlos Aleluia (DEM), Jutahy Junior (PSDB), Lúcio Vieira Lima (PMDB), Paulo Azi (DEM) e Uldurico Junior (PV)
Veja quem vota contra:
Afonso Florence, Luiz Caetano, Jorge Solla, Moema Gramacho, Valmir Asunção e Waldenor Pereira, todos do PT, Alice Portugal, Daniel Almeida e Davidson Magalhães, os três do PCdoB, Antonio Brito (PSD), Bacelar (PTN), Bebeto (PSB) e Roberto Britto (PP).
A maioria é de indecisos. Veja:
Cacá Leão, Mário Negromonte Jr. e Ronaldo Carletto, todos do PP, João Carlos Bacellar, José Carlos Araújo e José Rocha, os três do PR, Fernando Torres, José Nunes, Paulo Magalhães e Sérgio Britto, os quatro do PSD, Marcio Marinho e Tia Eron, ambos do PRB, Félix Junior (PDT) e Erivelton Santana (PSC).
Olha aí. A presidente Dilma Rousseff afirmou que não “é possível aceitar qualquer grau de politização” em investigações realizadas no Brasil. Embora não tenha citado o nome de Sérgio Moro, ela fez uma clara referências aos grampos realizados com autorização do juiz federal, que captaram conversas dela com o ministro da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Dilma discursou na manhã desta sexta-feira, dia 18, durante a entrega de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida na cidade de Feira de Santana, na Bahia.
“Hoje temos sólidas instituições, tanto no judiciário quanto na polícia. Elas são apolíticas, porque a Justiça não pode ser politizada” criticou. “Consideramos uma volta atrás (sic) na roda da história a politização de qualquer um desses órgãos.”
Ontem, o juiz Sérgio Moro afirmou, ao falar sobre a acusação de ilegalidade nos grampos, que “nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações, colhidas apenas fortuitamente”. Ele citou o conhecido episódio Watergate, da Suprema Corte dos Estados Unidos, que afastou o então presidente Richard Nixon, em 1974, e disse que ainda é “um exemplo a ser seguido”.
Dilma rebateu o juiz, explicando que Nixon também “grampeava” todos que ligavam ou participavam de reuniões com ele.
“A Suprema Corte [dos EUA] pegou todos os grampos e proibiu o Nixon de grampear. Ele não podia grampear porque deu na cabeça dele”, afirmou. “A lição é que nem o presidente da República pode grampear sem autorização. O que dizer de outras hierarquias?”
Dilma ressaltou que cada brasileiro, “sem diferença”, tem direito às mesmas “proteções e garantias”.
Na sequência, porém, explicou que a Presidência lhe conferia uma proteção especial contra investigações. “Eu não sou passível de grampo, a não ser que o STF [Supremo Tribunal Federal] autorize, senão fere frontalmente a Lei de Segurança Nacional”, afirmou energicamente.
Olha aí. A Comissão Especial do impeachment da Câmara criada na quinta-feira, dia 17, com 433 votos a favor e um contrário – começa a trabalhar na próxima segunda-feira, mas o prazo para a defesa da presidente Dilma Rousseff (PT) já começou a contar. São de 10 sessões do plenário.
A oposição prometeu ontem fazer um rodízio para que sempre haja um número mínimo de deputados presentes na Casa às segundas e sextas-feiras com o objetivo de garantir quórum mínimo necessário para manter uma sessão ordinária sempre aberta e, assim, apertar o prazo de Dilma.
O presidente do colegiado será Rogério Rosso (PSD-DF) e o relator será Jovair Arantes (PTB-GO). Rosso recomendou cautela na condução dos trabalhos. “Seguiremos na condução dos trabalhos onde teremos oportunidade de analisar os fatos sem intervenções de especulações que possam inflamar ainda mais o nosso país. Estamos recebendo um volume de informações nunca antes visto e precisamos filtrar o que de fato é passível de comprovação”, disse.
A escolha agradou em alguma medida os governistas e opositores. Atual líder do PSD, o deputado foi acusado nos bastidores por seus próprios correligionários de ser demasiadamente pró-governista.
Rosso sempre negou essa acusação. Pelo menos na atuação parlamentar, ele tem sido um fiel soldado do ministro Gilberto Kassab (Cidades), aliado do Planalto.
Olha aí. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse como novo ministro-chefe da Casa Civil em cerimônia no Palácio do Planalto, ao lado da presidente Dilma Rousseff, nesta quinta-feira, dia 17.
Ele assinou o termo de posse logo depois da presidente e foi aplaudido pela plateia, formada, em grande parte, por ministros e políticos da base aliada. Logo em seguida, o deputado Major Olímpio (SD-SP) gritou a palavra “vergonha”. Ele foi detido pelos seguranças do palácio e vaiado pelos presentes.
Êta. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) divulgou no início da madrugada desta quinta-feira, dia 17, uma imagem do termo de posse assinado somente pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota oficial, a Secom ainda informa que o termo foi o “objeto do telefonema mantido entre o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma Rousseff”.
Para a Secom, a falta da assinatura da presidência Dilma Rousseff comprova que são verídicas as explicações sobre a ligação gravada e divulgada pela Polícia Federal na tarde de quarta-eira, dia 16. O documento, que não tem validade sem a assinatura de Dilma e, segundo o Palácio do Planalto, não serviria para evitar a prisão do ex-presidente, como tem sido divulgado, mas para ser utilizado na posse de Lula como ministro da Casa Civil – e que deve ser assinado pela presidente ainda na manhã desta quinta-feira, dia 17.
O comunicado também destaca que, no trecho da ligação em que Dilma diz “pra gente ter ele”, ela quer dizer para “o governo ter o termo de posse” caso o ex-presidente não consiga comparecer à cerimônia desta quinta. A nota ainda explica que, por isso, “o verbo não é ‘usa’ mas sim o governo usar o referido termo de posse”.
Depois da liberação de grampos entre Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Palácio do Planalto divulgou nota repudiando a ação do juiz Sérgio Moro; no comunicado, a Presidência afirma que tomará medidas cabíveis ao que chamou de “flagrante violação da lei e da Constituição da República.”
A nota também reitera a nomeação de Lula como ministro chefe da Casa Civil e relata que antecipará a cerimônia de posse para esta quinta-feira, dia 17 às 10h.
Leia a íntegra:
“Tendo em vista a divulgação pública de diálogo mantido entre a presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumpre esclarecer que:
1 – O ex-presidente Lula foi nomeado no dia de hoje ministro-chefe da Casa Civil, em ato já publicado no Diário Oficial e publicamente anunciado em entrevista coletiva;
2 – A cerimônia de posse do novo ministro está marcada para amanhã (17) às 10 horas, no Palácio do Planalto, em ato conjunto quando tomarão posse os novos ministros Eugênio Aragão, ministro da Justiça; Mauro Lopes, Secretaria de Aviação Civil; e Jaques Wagner, ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República;
3 – Uma vez que o novo ministro, Luiz Inácio Lula da Silva, não sabia ainda se compareceria à cerimônia de posse coletiva, a Presidenta da República encaminhou para sua assinatura o devido termo de posse. Este só seria utilizado caso confirmada a ausência do ministro.
4 – Assim, em que pese o teor republicano da conversa, repudia com veemência sua divulgação que afronta direitos e garantias da Presidência da República.
5 – Todas as medidas judiciais e administrativas cabíveis serão adotadas para a reparação da flagrante violação da lei e da Constituição da República, cometida pelo juiz autor do vazamento”.
Pressão, pressão. Com o Hino Nacional sendo tocado na Av. Paulista, em uma caixa de som pertencente a um grupo de manifestantes que protestam contra a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Cada vez mais pessoas chegam à Av. Paulista para participar da manifestação. São quatro quarteirões ocupado.
Muitos ficaram sabendo do evento pela internet, pela televisão, por amigos ou porque moram perto da avenida. Eles pedem que Lula volte atrás na decisão de aceitar o cargo no governo e chegaram a gritar: “Lula, cagão, seu lugar é na prisão”. Além disso, gritaram “Ei, PT, golpista é você!”.
Olha a bomba. O juiz Sérgio Moro retirou nesta quarta-feira, dia 16, o sigilo de interceptações telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As conversas gravadas pela Polícia Federal incluem diálogo desta quarta, dia 16, com a presidente Dilma Rousseff, que o nomeou como ministro chefe da Casa Civil.
No despacho em que libera as gravações, Moro afirma que, “pelo teor dos diálogos degravados, constata-se que o ex-Presidente já sabia ou pelo menos desconfiava de que estaria sendo interceptado pela Polícia Federal, comprometendo a espontaneidade e a credibilidade de diversos dos diálogos”.
Moro afirma, ainda, que alguns diálogos sugerem que Lula já sabia das buscas feitas pela 24ª fase da Operação Lava Jato no início do mês.
Conversa com Dilma
– Dilma: Alô
– Lula: Alô
– Dilma: Lula, deixa eu te falar uma coisa.
– Lula: Fala, querida. Ahn
– Dilma: Seguinte, eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!
– Lula: Uhum. Tá bom, tá bom.
– Dilma: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.
– Lula: Tá bom, eu tô aqui, fico aguardando.
– Dilma: Tá?!
– Lula: Tá bom.
– Dilma: Tchau.
– Lula: Tchau, querida.
Ouça:
Influência
O juiz diz que algumas em algumas conversas se fala, aparenetemente, “em tentar influenciar ou obter auxílio de autoridades do Ministério Público ou da Magistratura em favor do ex-Presidente”. Moro ressalta, porém, que não há nenhum indício nas conversas, ou fora delas, de que as pessoas citadas tentaram, de fato, agido “de forma inapropriada”.
“Em alguns casos, sequer há informação se a intenção em influenciar ou obter intervenção chegou a ser efetivada”, observa o juiz.
Um dos casos citados por Moro faz referência à Ministra Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal (STF), “provalvemente para obtenção de decisão favorável ao ex-Presidente na ACO 2822”. Na ocasião, Weber negou pedido apresentado pela defesa do ex-presidente para suspender duas investigações sobre um triplex em Guarujá (SP) e um sítio em Atibaia (SP) ligados a ele.
“A eminente Magistrada, além de conhecida por sua extrema honradez e retidão, denegou os pleitos da Defesa do ex-Presidente”, afirmou Moro.
Outro ministro que também aparece nos diálogos é Ricardo Lewandowski. “Há diálogo que sugere tentativa de se obter alguma intervenção do Exmo. Ministro Ricardo Lewandowski contra imaginária prisão do ex-Presidente, mas sequer o interlocutor logrou obter do referido Magistrado qualquer acesso nesse sentido”, consignou o juiz.
Moro afirma também que há menção ao recém nomeado Ministro da Justiça Eugênio Aragão, sobre quem Lula diz que “parece nosso amigo”, mas de quem reclama porque “este não teria prestado qualquer auxílo”.
O juiz registra no despacho que registrou essas referências “apenas para deixar claro que as aparentes declarações pelos interlocutores em obter auxílio ou influenciar membro do Ministério Público ou da Magistratura não significa que esses últimos tenham qualquer participação nos ilícitos”. Para Moro, porém, isso “não torna menos reprovável a intenção ou as tentativas de solicitação”.
Envio ao STF
Ao fim do despacho, Moro informa que, diante da notícia de que Lula aceitou convite para ocupar o cargo de ministro chefe da Casa Civil, as investigações serão enviadas ao Supremo Tribunal Federal. O material deve ser enviado após a posse, que está marcada para terça-feira (22).
A presidente Dilma Rousseff decidiu substituir o atual ministro da Justiça, Wellington César Lima e Silva, que assumiu no início do mês. Em seu lugar, ela nomeou o sub-procurador-geral da República Eugênio José Guilherme de Aragão.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal decidiu que Wellington deveria pedir exoneração do cargo de promotor de Justiça do Ministério Público da Bahia, caso quisesse permanecer no cargo. A decisão foi tomada após questionamento feito à Corte sobre a impossibilidade de membros do Ministério Público assumirem cargos do Executivo.
A mudança foi informada há pouco pelo Palácio do Planalto, por meio de nota à imprensa. O comunicado informa que o próprio Wellington Silva apresentou pedido de demissão. Segundo o texto, Dilma o agradece pelo “seu compromisso e desprendimento”.
O Palácio do Planalto divulgou na noite de domingo, dia 13, uma nota curta em que defende a liberdade de manifestação e fala em maturidade do povo brasileiro.
“A liberdade de manifestação é própria das democracias e por todos deve ser respeitada. O caráter pacífico das manifestações ocorridas neste domingo demonstra a maturidade de um país que sabe conviver com opiniões divergentes e sabe garantir o respeito às suas leis e às instituições“, diz a nota da Secretaria de Comunicação.
O texto foi divulgado após reunião da presidente Dilma Rousseff com os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, para avaliar as manifestações contra o governo ocorridas este domingo (13) em 24 Estados do país, além do Distrito Federal.
Os atos pediram o impeachment da presidente, a prisão do ex-presidente Lula, investigado pela Operação Lava Jato e o Ministério Público de São Paulo, e o fim da corrupção.
Pressão, pressão. O domingo, 13 de março chegou prometendo ser agitado na Barra, em Salvador. Obedecendo um calendário nacional, acontece mais uma edição dos protestos pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff. As manifestações têm início às 10h. Os manifestantes vão seguir com um mini trio até o Cristo, e retornando ao Farol.
Um dos organizadores das manifestações, estima que o número de pessoas duplique. “Fiz uma estimativa de 4 mil pessoas, porém os fatos estão acontecendo com tanta velocidade que estimo umas 8 mil pessoas”, registrou.
As manifestações são organizadas por diversos movimentos, como o Vem Pra Rua, e Revoltados Online. Na Bahia, os protestos contam também com adesão da Ordem dos Médicos e o Movimento Nas Ruas. Nas redes sociais, alguns deputados de oposição ao governo do PT convocaram seus seguidores para o evento.
Olha aí. O ministro-chefe da Casa Civil e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, disse, em sua conta pessoal no Twitter, que os serviços prestados pelo publicitário João Santana durante as campanhas da presidenta Dilma, do ex-presidente Lula e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foram pagos de acordo com a lei. O ministro citou um relatório da Polícia Federal que ressalta, segundo ele, “de modo inequívoco”, que não há indícios de irregularidades nos pagamentos.
Fonte: Agência Brasil – Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil
O ministro-chefe da Casa Civil e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, disse nesta segunda-feira (15) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é alvo de “ataque sistemático” e de uma “caça constante”. Ele fez a declaração ao ser perguntado sobre a reunião entre a presidenta Dilma Rousseff e Lula na sexta-feira (12) em um hotel em São Paulo.
Segundo Wagner, as conversas são constantes entre a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula. “Evidentemente se falou desse ataque sistemático que está sendo feito em torno do ex-presidente. É uma coisa clara. É uma caça a uma liderança nacional. Nesse caso, é uma caça praticamente constante. E foram conversas mais gerais, tangenciando todas as questões, inclusive sobre a mobilização que ia acontecer no dia seguinte [sábado] sobre o vírus Zika”, afirmou o ministro.
No Rio de Janeiro, na manhã deste sábado, dia 13, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “objeto de grande injustiça”, em referência às denúncias de ocultação da propriedade de um apartamento triplex no Guarujá (SP) e de que a empreiteira OAS, investigada na Operação Lava Jato, fez a reforma de um sítio em Atibaia (SP) frequentado por ele e por familiares.
Foi a primeira vez que a presidente se manifestou sobre o assunto. Na manhã deste sábado, ela participou no Rio de ações da campanha nacional de combate ao mosquito Aedes Aegypti. Na noite anterior, esteve em São Paulo, onde se reuniu por cerca de duas horas com Lula. Segundo afirmou, a reunião “foi como sempre foi”.
“Converso sistematicamente com o presidente Lula. Acho que ele está sendo objeto de grande injustiça. Respeito muito a história do presidente Lula e tenho certeza que esse será um processo que será superado porque eu acredito que o pais, a América Latina e o mundo precisam de uma liderança com as características do presidente Lula”, declarou, conforme o site G1