Vixe. O nível do Guaíba, em Porto Alegre, ultrapassou 5 metros no início da tarde de segunda-feira, dia 13/5, e a tendência é de que continue subindo nos próximos dias, podendo superar a marca de 5,5 metros. A prefeitura estima que a área que já tinha sido afetada na semana passada será alagada novamente, com a possibilidade de um “pequeno avanço” na área atingida.
O prefeito da capital, Sebastião Melo, disse que as pessoas que tiveram as residências atingidas na semana passada não devem voltar ainda para casa. “Meu apelo é para que ninguém volte para casa. Tomara que não chegue a 5,5m, mas temos que acreditar na meteorologia”, disse em entrevista coletiva. Na última semana, o nível do lago atingiu 5,35m, deixando milhares de pessoas desabrigadas.
Segundo ele, a prefeitura está preparada para alojar mais pessoas nos abrigos já existentes e em outros abrigos que serão disponibilizados.
Atualmente, oito estações de bombeamento de águas pluviais estão em operação na cidade e até amanhã devem voltar a funcionar mais duas. Os equipamentos servem para permitir a drenagem das águas pluviais. A capital tem 23 estações de bombeamento, mas parte delas ficou danificada pelas inundações.
Segundo o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Mauricio Loss, foi feita uma contenção reforçada para conter as águas do Guaíba, além de diversos diques de contenção pela Cidade. Ele não quis estimar quanto tempo será necessário para que as águas baixem totalmente na capital. “Diversos fatores influenciam no tempo de escoamento da água, estamos sujeitos a diversas intempéries, não tem como prever”, disse.
Estragos
O prefeito estima que a limpeza da cidade após a inundação vai custar mais de R$ 100 milhões. “Você vai ter que raspar o lodo, desentupir esses canos entupidos. O estrago da cidade é monstruoso”, disse.
Um levantamento da prefeitura mostra que mais de 157,7 mil pessoas foram afetadas pelas cheias na capital gaúcha. Um total de 39,4 mil edificações foram atingidas e 1.081 quilômetros de vias públicas ficaram danificadas.
Abastecimento
Segundo Loss, nesta terça, dia 14/5, serão religados os motores da estação de tratamento de água do Bairro Moinhos de Vento, com a possibilidade de retomar o abastecimento a partir de quarta-feira.
“Há previsão do repique do Guaíba, temos a contenção para isso, esperamos que nada ocorra, mas não podemos descartar que a força e o nível das águas possam atrasar esse serviço”, explicou.
O Dmae também anunciou que os 152 abrigos cadastrados pela prefeitura serão isentos do pagamento de água até um mês após o término do acolhimento. Os moradores que são beneficiários da tarifa social serão isentos da conta de água por seis meses.
Olha aí. A Polícia Militar da Bahia iniciou a campanha “SOS Rio Grande do Sul”, que visa a arrecadação de donativos destinados aos desabrigados das chuvas na região. Todas as unidades da PM-BA, operacionais e administrativas, funcionarão como pontos de arrecadação da campanha, que seguirá por tempo indeterminado.
Os donativos serão coletados periodicamente nas unidades, sendo cada item organizado e identificado sob a coordenação do Departamento de Apoio Logístico (DAL) da Polícia Militar.
“Serão aceitas doações de alimentos não perecíveis integrantes da cesta básica, bem como água mineral, fraldas descartáveis para adultos e crianças, agasalhos, cobertores, mantas e itens de higiene, entre outros”, explicou o coronel Marcos Antônio Oliveira, diretor do Departamento de Polícia Comunitária e Direitos Humanos (DPCDH).
Misericórdia. O número de pessoas que estão temporariamente morando em abrigos no Rio Grande do Sul chegou a 80 mil (80.826), conforme o mais recente boletim da Defesa Civil estadual, divulgado às 9h desta segunda-feira, dia 13/5.
Devido às fortes chuvas que causaram estragos em centenas de cidades do Rio Grande do Sul, há duas semanas, mais de meio milhão (538.241) de gaúchos estão desalojados, porque foram obrigados a abandonar a própria casa para ficar em segurança.
As consequências dos temporais afetam cerca de 90% do estado, ou 447 dos 497 municípios, e mais de 2,11 milhões de pessoas foram impactos direta ou indiretamente pelos eventos climáticos extremos.
De domingo (12) para segunda (13), mais quatro mortes foram confirmadas, elevando para 147 o número de vítimas. Os nomes das pessoas mortas identificadas e localidades dos óbitos podem ser consultados no site da Defesa Civil estadual. Ainda há 127 pessoas desaparecidas. No levantamento oficial, em todo o estado, há 806 feridos.
Mais de 76,4 mil pessoas foram resgatadas. Somam-se a esses salvamentos 10.814 animais domésticos e silvestres resgatados. Oficialmente, atuam nestes salvamentos 27.651 agentes públicos federais, do Rio Grande do Sul e de estados parceiros.
Olha aí. A Prefeitura de Salvador enviou na manhã de sábado, dia 11/5, o primeiro carregamento de donativos arrecadados pela ação Salvador Solidária para ajudar as vítimas das chuvas e das enchentes no Rio Grande do Sul. No total, foram 103 mil litros de água destinados ao estado do Sul, além de materiais de limpeza e outros itens doados pelas pessoas à iniciativa, que segue até quarta-feira, dia 15/5, com o objetivo de ampliar ainda mais os donativos para a população gaúcha.
O prefeito Bruno Reis, a vice-prefeita e secretária municipal da Saúde, Ana Paula Matos, e o diretor da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sosthenes Macedo, dentre outras autoridades municipais, acompanharam a saída dos caminhões que vão levar as doações.
A logística conta com o apoio dos Correios, da empresa Vinhedos Transportes, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira (FAB), que auxiliam no transporte dos materiais arrecadados. Uma parte dos materiais vai por via terrestre, com o apoio da Vinhedos, e a outra vai pelo ar, por meio da FAB. A carga será recebida pela Prefeitura de Porto Alegre, que irá redistribuir o material com outros municípios.
O prefeito ressaltou que a meta era arrecadar 50 mil litros de água, mas o objetivo foi ultrapassado em mais que o dobro, e conclamou as pessoas para que continuem fazendo doações. “Eu quero aproveitar este momento para agradecer o espírito de solidariedade do soteropolitano. Essa corrente de mobilização, de solidariedade, não para. Então continuem doando, nós estamos recebendo esses donativos aqui na Codesal e na sede das Prefeituras-Bairro. Cada participação é muito importante para todos que estão passando por essa imensa dificuldade”, afirmou.
Bruno Reis contou que tem mantido contato com o prefeito de Porto Alegre (RS), Sebastião Melo. “Ele tem me atualizado. Já são mais de 10 mil pessoas desabrigadas. Realmente a grande necessidade é água e material de limpeza. Já tinham recebido doações de alimentos, de agasalhos, então ele pediu que nós mobilizássemos a nossa cidade para viabilizar água, porque já começa a ter desabastecimento. E com isso a gente vai dando a nossa contribuição”, relatou.
Ana Paula Matos, que integra a Coordenação de Desastres da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), agradeceu ao empenho da Defesa Civil, dos voluntários e da população de Salvador. “De forma integrada, com apoio do Exército, Correios, Codesal e diversos órgãos parceiros, estamos arrecadando água e material de limpeza, mas, sobretudo, passando uma mensagem de amor, esperança e solidariedade. Já fizemos isso em outros momentos, como na própria pandemia e nas chuvas aqui na Bahia, e foi de extrema valia, os soteropolitanos estão abraçando essa causa, pois o trabalho de reconstrução do Rio Grande do Sul necessita do apoio de todo povo brasileiro”, disse.
Sosthenes Macedo também destacou a solidariedade do povo soteropolitano. “A ação começou na última quarta (8) e já conseguimos passar de 100 mil litros de água em pouco tempo. Neste momento difícil para nossos irmãos e irmãs no Rio Grande do Sul, que foram duramente afetados pelas chuvas históricas, nossa cidade se uniu em um gesto de amor e compaixão. Essa demonstração de solidariedade reflete o espírito de união e fraternidade que caracteriza o povo de Salvador”, afirmou.
O diretor da Codesal destacou ainda a participação de diversas entidades e secretarias municipais, que se mobilizaram para fazer doações. Os tribunais de Contas dos Municípios (TCM) e do Estado (TCE), por exemplo, promoveram uma campanha com servidores e doaram 10 mil litros de água para a ação Salvador Solidária.
O sistema Fecomércio arrecadou e enviou à iniciativa outros 10 mil litros, enquanto o Sindicato de Habitação na Bahia (Secovi) doou 5 mil litros. Sosthenes contou ainda que outras empresas, a exemplo de supermercados, também fizeram doações. “Já recebi mensagens de diversas pessoas e representantes de entidades informando que farão doações até a próxima quarta-feira. Cada gesto de ajuda faz a diferença e mostra que juntos somos mais fortes”, pontuou.
A superintendente regional dos Correios na Bahia, Evelyn Negrão, afirmou que a instituição está com toda a sua estrutura mobilizada para poder apoiar o Rio Grande do Sul. “Superou muito as nossas expectativas, as pessoas realmente estão doando. A gente está com uma doação muito significativa”, contou ela, ressaltando ainda que os Correios prontamente aceitaram a parceria com a Prefeitura para encaminhar os materiais.
As doações podem ser feitas até a próxima quarta-feira na sede da Codesal, na Av. Mário Leal Ferreira, e também nas Prefeituras-Bairro da capital baiana, das 8h às 16h. As chuvas históricas no Rio Grande do Sul já deixaram mais de 100 mortos e mais de 300 mil pessoas desalojadas.
Emoção – O motorista Vandio César é gaúcho de Garibaldi, cidade também atingida pelas fortes chuvas, e é um dos profissionais que vão conduzir caminhões para levar os donativos ao Rio Grande do Sul. Ele tomou a decisão de pedir demissão da empresa Vinhedos Transportes para voltar ao estado e ficar ao lado da família.
“Tomei essa decisão e vou dizer uma coisa: eu amo a estrada, amo o caminhão, amo a vida da estrada, tudo, mas que eu quero é ir pra casa abraçar minha família, ver minha mãe, meus filhos, minhas netinhas, e mais nada. Porque não precisa você ter muita coisa para ser gente hoje e para viver. O que vale na vida da gente é o amor das famílias. Eu estou um felizardo, eu tô um bilionário porque eu vou pra casa”, contou, emocionado.
Vandio relatou o cenário de destruição deixado pelas chuvas e agradeceu a solidariedade das pessoas que estão fazendo doações para ajudar as vítimas das enchentes em seu estado natal. “Lá é um cenário de guerra total. Essa solidariedade que tem se formado em todo o país é uma pontinha de esperança. E eu agora vou voltar graças ao povo baiano, é água mineral, mas isso para as pessoas lá é ouro. Eu estou indo carregado de ouro”, disse.
Olha aí. Bombeiros da Bahia localizaram uma pessoa com vida que estava presa sob escombros de um imóvel atingido por um deslizamento de terra, na manhã de domingo, dia 12/5, na Cidade de Caxias do Sul, na serra gaúcha. O resgate foi feito em conjunto com bombeiros do Rio Grande do Sul. Uma segunda vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
“Foi um trabalho bastante delicado por causa de todo cenário da região. Os nossos bombeiros atuaram com os equipamentos que trouxemos da Bahia. Foi o que proporcionou a retirada da vítima com vida, o que para nós é bastante gratificante. O desabamento aconteceu hoje pela manhã”, diz o coronel Jadson Almeida, comandante da operação da tropa baiana.
Após a ocorrência, os bombeiros foram atendidos por uma equipe de psicólogos. Os militares estão tendo acompanhamento médico constante durante a atuação no estado gaúcho.
Ao todo, 23 bombeiros baianos foram enviados ao Rio Grande do Sul, para auxiliar nas operações de buscas desde o dia 2 de maio. As equipes atuam nas regiões de Bento Gonçalves e Caxias do Sul, principalmente em busca de pessoas desaparecidas e resgate de animais, além de varredura em áreas de risco e retirada de cabos de energia expostos.
Ao menos 145 mortos morreram em decorrência dos temporais dos últimos dias, conforme boletim mais recente. O número pode subir nos próximos dias, já que ainda há 132 desaparecidos, segundo a Defesa Civil gaúcha.
Na luta. No sábado, dia 11/5, os bombeiros do CBMBA, que seguem atuando em apoio aos gaúchos, permaneceram nas buscas aos desaparecidos no Município de Bento Gonçalves. Por causa da instabilidade do tempo ao longo do dia, os militares também foram empregados para dar suporte no recebimento dos donativos. Outro grupo seguiu para a Cidade de Gramado, por causa do risco de escorregamento de terra na região.
“Hoje não localizamos nenhum desaparecido, mas por causa da instabilidade do tempo que oscila com muita chuva, permanecemos alternando entre as buscas e dando também outro tipo de suporte, como na triagem do material que está sendo doado. As buscas estão sendo realizadas com bastante cautela pelas equipes, pois a terra está muito encharcada e o risco de deslizamento é grande, mas permanecemos no terreno todos os dias”, pontuou o coronel BM Jadson Almeida.
Donativos são recebidos em quartéis da Bahia – Todos os quartéis do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA) estão recebendo, das 7h às 18h, água, ração para animais, materiais de higiene pessoal e de limpeza, e alimentos não perecíveis. Os donativos vão ser levados para as vítimas da chuva que incide no Rio Grande do Sul.
Vixe. O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, disse em entrevista à imprensa no sábado, dia 11/5, que ainda é pequeno o número de Municípios gaúchos que buscaram recursos emergenciais federais para cuidar das pessoas afetadas pelas chuvas e enchentes que assolam o Rio Grande do Sul desde o fim de abril. Góes e outros ministros apresentaram números que incluem também comunidades indígenas da região.
“Temos 441 municípios em situação de calamidade. Logicamente que, até que seja feito o refinamento dessa classificação, nós imaginávamos que pelo menos 300 solicitassem algum tipo de recurso, mas apenas 69 solicitaram. Aprovamos sumariamente e já liberamos recursos”, disse o ministro neste sábado, dia 11/5, durante coletiva de imprensa no RS.
Flexibilização de regras
Diante da situação, o governo federal flexibilizou, por meio de uma portaria, as regras para o recebimento de recursos pelos municípios afetados. “Sabemos que muitos prefeitos estão focados nas ações de resgate. Compreendemos isso, de forma a possibilitar que eles recebam a ajuda enquanto reúnem as informações para o plano de trabalho de ajuda humanitária”, disse.
Segundo o ministro, basta um “simples ofício” enviado ao Ministério da Defesa Civil Nacional, juntando apenas o decreto do governo do estado, reconhecendo a calamidade. “Se o município tem até 50 mil habitantes, a gente adianta logo R$ 200 mil. Se tem até 100 mil, adiantamos R$ 300 mil. Se tiver acima de 100 mil, a gente adianta R$ 500 mil para, rapidamente, comprarem água, cestas básicas; para cuidar das pessoas que estão no abrigo”.
De acordo com o ministro, há 445 municípios afetados no estado; 71.398 pessoas em abrigos; 339.928 desalojados; 74.153 ações de salvamento de pessoas; 136 óbitos; 756 feridos; 125 desaparecidos; e 135 bloqueios em vias. Mais de 2 milhões de pessoas foram afetadas.
Comunidades indígenas
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, disse que, até o momento, há um total de 9 mil famílias atingidas nas 214 comunidades indígenas que vivem em todo o estado. “Destas, 110 foram atingidas diretamente, totalizando 30 mil pessoas indígenas”, disse.
Segundo a ministra, o governo federal garantiu a entrega de cestas básicas para todas essas famílias. “São 9 mil cestas garantidas, com entregas quinzenais para cada uma dessas famílias atingidas”.
Ela acrescentou que os conhecimentos dos povos indígenas têm sido utilizados nos planos nacionais voltados à prevenção de desastres, tanto para os trabalhos de reconstrução como de prevenção.
“Esses desastres estavam já previstos. Uma das principais medidas a serem adotadas é a de acelerar o combate ao desmatamento. Não apenas na Amazônia, mas em todos os biomas brasileiros. Inclusive no cerrado porque, quando se reduziu o desmatamento na Amazônia, aumentou o desmatamento no cerrado. O desmatamento desenfreado é uma das formas e das causas principais que resultaram nesses desastres de enchentes e secas”, disse a ministra indígena.
Marinha e Força Nacional
Também na coletiva de imprensa, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, destacou a chegada, no município de Rio Grande, do Navio Aeródromo Multipropósito Atlântico, da Marinha.
“São 1.350 militares, 154 toneladas de donativos, duas estações de tratamento de água com capacidade de produzir 20 mil litros de água potável por hora, 38 viaturas, 24 embarcações e três helicópteros. Trata-se da mais importante presença da Marinha Brasileira. É o nosso navio mais importante”, disse o ministro.
Ele acrescentou que a Força Nacional ampliará sua atuação no estado, com a chegada, na próxima semana, de mais 300 integrantes. “Eles atuarão também no trabalho de segurança dos abrigos. Com isso, iremos a 417 integrantes da Força Nacional de segurança no Rio Grande do Sul. Ao todo, são 1,5 mil integrantes ligados ao Ministério da Justiça, entre Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Força Nacional de Segurança”, complementou.
Misericórdia. Ao menos 116 pessoas perderam a vida e outras 143 estão desaparecidas em consequência da forte chuva que atinge o Rio Grande do Sul desde o último dia 26 – com maior intensidade a partir do dia 29.
Desde quinta-feira, dia 9/5, a Defesa Civil estadual está divulgando os nomes de pessoas que morreram, bem como das cujo paradeiro é desconhecido. A lista já tem seis páginas. E não para de crescer.
Até o meio-dia de sexta-feira, dia 10/5, a Defesa Civil estadual contabilizava cerca de 1,9 milhão de pessoas de alguma foram afetadas, em 437 cidades, por efeitos adversos das chuvas, como inundações, alagamentos, enxurradas, deslizamentos, desmoronamentos e outros.
Em todo o estado, ao menos 337.346 pessoas desalojadas tiveram que, em algum momento, buscar abrigo nas residências de familiares ou amigos – muitas destas seguem aguardando que o nível das águas baixe para poderem retornar a suas casas. Outras 70.772 pessoas ficaram desabrigadas, ou seja, sem ter para onde ir, precisaram se refugiar em abrigos públicos ou de instituições assistenciais.
Frente a dimensão dos estragos, o governador Eduardo Leite reconheceu que não só o Rio Grande do Sul, mas todo o Brasil, terão que se ajustar a um novo contexto, no qual os eventos climáticos extremos têm se tornado cada vez mais frequentes – segundo especialistas, como consequência das mudanças climáticas e do aquecimento do planeta.
“Já temos uma série de políticas em andamento, mas está muito nítido que precisamos fazer [ações efetivas] em outro grau, em outro patamar”, disse Leite a jornalistas, esta manhã. “[No estado] Já existem estruturas [para lidar com as mudanças climáticas]. O que vamos ter que fazer é transformá-las, dando outra robustez para estas estruturas […] Precisamos passar a um nível excepcional de qualidade técnica, tecnológica e de recursos […] Precisamos ter preparo para conviver com situações excepcionais como esta. Preparo que envolve desde sistemas de proteção e defesa das cidades; realocação de espaços e novas técnicas construtivas resistentes a outro patamar de comportamento do clima; sistema de alertas e de informação à população, para que ela saiba lidar com estas situações [extremas]”, acrescentou Leite.
Na luta. Na quinta-feira, dia 9/5, uma semana após chegar ao Rio Grande do Sul, a tropa do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA) realizou a retirada de fios que estavam rompidos no rio Caí, no Município de Caxias do Sul. Os bombeiros da Bahia também realizaram a desobstrução de algumas pistas.
O objetivo foi reduzir o peso e evitar novos deslizamentos de terra e contribuir para a melhoria do ambiente, facilitando a recuperação posterior. Eles já resgataram pelo menos 212 pessoas em áreas de risco, 20 animais e recuperaram seis corpos.
“O bombeiro atravessou o rio a nado com uma corda e depois puxou os cabos de energia com a corda. Atividade extremamente necessária pois os mantimentos da população sem refrigeração estão sendo perdidos e as estradas estão interrompidas, o que os impede de se deslocarem para comprar alimentação. Tudo foi realizado com bastante cuidado e com toda segurança”, destacou o coronel BM Jadson Almeida.
Busca e resgate são as atividades principais dos bombeiros do CBMBA. Eles atuam em conjunto com militares de outros corpos de bombeiros do País.
Misericórdia. A quantidade de pessoas desalojadas no Rio Grande do Sul mais que dobrou em 24 horas, passando de mais de 163 mil na quarta-feira, dia 8/5, para 327.105 nesta quinta-feira, dia 9/5, conforme o último boletim da Defesa Civil estadual, com dados divulgados às 18h.
São pessoas que tiveram, em algum momento, deixar suas casas e buscar abrigo nas residências de parentes, amigos ou em abrigos públicos.
Os abrigos do estado receberam 68.519 pessoas.
No total, 1,74 milhão de gaúchos já foram afetados de alguma forma pelas enchentes, ou seja, perderam casas, estão sem luz, água ou comida.
Em relação aos municípios atingidos, o número chega a 431, o equivalente a mais de 80% das cidades do estado.
As mortes causadas pelas chuvas chegam a 107. Há 134 desaparecidos e 754 feridos.
Chuva e frio
As autoridades estão em alerta para agravamento da situação no estado.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuvas fortes no Rio Grande do Sul a partir desta sexta-feira, dia 10/5. A expectativa é de que se prolongue até o domingo, dia 12/5, com maior intensidade entre o centro-norte e leste do estado, incluindo o litoral norte e o sul de Santa Catarina.
O nível do rio Guaíba está abaixo dos 5 metros, porém os rios do sul do estado começaram a subir e transbordar.
Uma tragédia. Técnicos do Governo do Rio Grande do Sul estimam que a restauração da infraestrutura pública atingida pelas consequências das fortes chuvas que atingem o estado desde o último dia 26/5 custarão ao menos R$ 19 bilhões.
Segundo o governador Eduardo Leite, a estimativa é baseada em “cálculos iniciais”, ou seja, o montante necessário pode ser superior ao anunciado na manhã desta quinta-feira, dia 9/5.
“São necessários recursos para diversas áreas. Insisto: o efeito das enchentes e a extensão da tragédia são devastadores”, informou Leite, nas redes sociais.
Ainda de acordo com o governador, os cálculos, bem como as ações já delineadas para responder à situação de calamidade pública no estado serão detalhados ainda hoje (9/5). “Vamos detalhar as ações projetadas que contemplariam as nossas necessidades.”
Tragédia em números
Segundo a Defesa Civil estadual, ao menos 107 pessoas já morreram devido a efeitos adversos das chuvas, como inundações, alagamentos, enxurradas, deslizamentos, desmoronamentos e outros. Cento e trinta e seis pessoas estão desaparecidas. Pouco mais de 1,47 milhão de pessoas foram de alguma forma afetadas, em 425 municípios atingidos.
Em todo o estado, ao menos 164.583 pessoas foram desalojadas, tendo que buscar abrigo nas residências de familiares ou amigos. Muitas delas seguem esperando que o nível das águas baixe para poder retornar a suas casas. Outras 67.542 pessoas ficaram desabrigadas, ou seja, sem ter para onde ir, precisaram se refugiar em abrigos públicos Municipais.
Misericórdia. A Defesa Civil do Rio Grande do Sul confirmou, nesta quinta-feira, dia 9/5, mais duas mortes em consequência das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o último dia 26/5. Com isso, sobe para 107 o total de óbitos confirmados. Uma morte ainda está em investigação.
Segundo o boletim mais recente do órgão estadual, divulgado às 9h de hoje, pelo menos 136 pessoas estão desaparecidas, no desastre climático já que afetou 1,47 milhão de pessoas, nos 425 Municípios atingidos.
Os dados contabilizam ainda 164.583 pessoas desalojadas, que tiveram de, em algum momento, buscar abrigo nas residências de familiares ou amigos. Muitas destas seguem aguardando que o nível das águas baixe para poder retornar a suas casas.
Outras 67.542 pessoas ficaram desabrigadas, ou seja, sem ter para onde ir, e precisaram se refugiar em abrigos públicos municipais.
Segundo a tenente Sabrina Ribas, da comunicação da Defesa Civil estadual, a prioridade, neste momento, é concluir o resgate de pessoas que permanecem ilhadas em locais de difícil acesso e conseguir fazer com que a ajuda humanitária e os donativos cheguem aos municípios mais atingidos pelas fortes chuvas. Entre os itens mais necessários, estão água mineral, roupas e alimentos.
Misericórdia. O Governo do Rio Grande do Sul informou, na quarta-feira, dia 8/5, que cinco barragens estão em situação de emergência por causa das enchentes que atingem o Estado.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura, há risco de rompimento e é preciso que sejam adotadas medidas para preservação de vidas.
As barragens nessa situação são: Usina Hidrelétrica 14 de Julho, que fica em Cotiporã e Bento Gonçalves; Central Hidrelétrica Salto Forqueta, em São José do Herval e Putinga; São Miguel e do Arroio Barracão, em Bento Gonçalves; e de Saturnino de Brito, em São Martinho da Serra.
Já a Barragem Capané, em Cachoeira do Sul, está em nível de alerta, o que significa que os danos representam risco à segurança da barragem e exigem providências.
Segundo o governo do estado, as ações de resposta a todas esses cenários já estão em andamento.
Olha aí. As 10 unidades de Prefeitura-Bairro da capital baiana também receberão donativos a partir desta quinta-feira, dia 9/5, da ação ‘Salvador Solidária’, que visa arrecadar água para as vítimas das chuvas e das enchentes no Rio Grande do Sul, assim como materiais de limpeza como água sanitária, detergente e sabão. A campanha começou nesta quarta-feira, dia 8/5, com o posto de coleta na sede da Defesa Civil de Salvador (Codesal), na Av. Bonocô.
O prefeito Bruno Reis esteve pela manhã na sede da Codesal. Segundo ele, até o meio-dia, já haviam sido doados 3 mil litros de água. “Nossa expectativa é passar da casa de 50 mil litros. Hoje, por enquanto, estamos recebendo as doações apenas aqui, na Defesa Civil, mas amanhã (quinta) vamos receber também nas Prefeituras-Bairro. Quero convocar todos os soteropolitanos a ajudarem os nossos irmãos do Rio Grande do Sul que estão passando, infelizmente, por muitas dificuldades”, afirmou.
As doações serão recolhidas até a próxima quarta-feira, dia 15/5, das 8h às 16h. “Já estamos fechando uma parceria com a Azul (companhia aérea) e com a Força Nacional para levar todo esse material arrecadado para o Rio Grande do Sul. Esperamos que, no máximo nesta sexta-feira, já possamos fechar e enviar o primeiro carregamento”, disse Bruno Reis.
As doações devem ser de água mineral, em garrafas de qualquer tamanho, ou de produtos de limpeza, como água sanitária, sabão em barra ou em pó, detergente, entre outros. Esses são os produtos que os municípios gaúchos mais precisam neste momento.
“Na última segunda-feira, tive contato com o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e ele me disse que o maior problema, tanto na sua cidade como nas demais, era a necessidade de água potável e de materiais de limpeza. Que eles já estão recebendo outros donativos, mas estão em situação de desabastecimento de água. Então, se a gente pudesse ajudar arrecadando esses donativos, seria muito importante”, explicou Bruno Reis.
Diretor-geral da Codesal, Sosthenes Macêdo destacou que a mobilização é urgente. “Só em Porto Alegre, são cerca de 10 mil pessoas desabrigadas, que estão em abrigos provisórios. Além da capital, as chuvas e a enchente afetaram também a Grande Porto Alegre, então a Prefeitura de lá acaba auxiliando também essas outras cidades menores da região”, disse.
“Em 2021 nós fizemos uma campanha parecida, quando tivemos fortes chuvas no interior da Bahia. Naquela ocasião, enviamos para municípios afetados 40 toneladas de alimentos e 50 mil litros de água. É o que a gente pretende fazer de novo agora, com essa mobilização na Defesa Civil”, completou Sosthenes Macêdo.
Misericórdia. O número de mortos em decorrências da chuva e enchentes que atingem o Rio Grande do Sul subiu para 100. O número foi divulgado nesta quarta-feira, dia 8/5, pela Defesa Civil do estado. Até o momento, há 372 pessoas feridas e outras 128 desaparecidas. Outros quatro óbitos estão em investigação.
Com os eventos climáticos, ao menos 1,456.820 pessoas foram afetadas em 417 Municípios. Os números apontam ainda que mais de 160 mil estão desalojadas e outras 66.761 foram encaminhadas a abrigos temporários.
Com a crise, o Poder Judiciário liberou R$ 63 milhões para auxiliar as vítimas no Rio Grande do Sul. Os valores foram recolhidos através de multas aplicadas na Justiça e deve ser enviado através da Defesa Civil.
Na luta. Os 23 bombeiros da Bahia enviados ao Rio Grande do Sul já resgataram pelo menos 212 pessoas em áreas de risco e 20 animais. As equipes também recuperaram seis corpos em áreas de deslizamentos causados pela forte chuva da última semana. Até agora, 95 morreram e 1 milhão e 400 mil foram afetadas pela tragédia no Estado gaúcho.
O balanço da corporação foi divulgado na noite de terça-feira, 7/5.
O efetivo de militares baianos atua desde sexta-feira, dia 3/5, nas regiões mais atingidas por enchentes.
Os profissionais estão divididos em três frentes de atuação, principalmente em busca e resgate.
“Estamos aqui há cinco dias trabalhando em busca e salvamento. Hoje nossos bombeiros, junto com bombeiros militares de outros Estados, resgataram dois corpos que estavam desaparecidos em Galópolis, Distrito que pertence a Caxias do Sul. É uma situação bem triste. Mas saber que as famílias vão poder ter uma despedida tranquiliza um pouco os nossos corações”, diz o coronel Jadson Almeida
Corrente solidária. Com o objetivo de ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, a prefeitura da capital baiana inicia, nesta quarta-feira, dia 8/5, a ação “Salvador Solidária”.
Por meio da iniciativa, a população poderá doar água e materiais de limpeza, a exemplo de água sanitária, detergente e sabão, itens que neste momento são os mais demandados, em meio à situação de calamidade.
Os materiais deverão ser entregues na sede da Defesa Civil de Salvador (Codesal), que funcionará como posto de coleta, até a próxima quarta-feira, dia 15/5, sempre das 8h às 16h.
“Iniciamos essa ação para arrecadar mantimentos, como água e materiais de limpeza, que são os mais necessitados agora. Faço um apelo para que todos que puderem façam doações. O momento é de solidariedade, de todo o país dar as mãos para ajudar as milhares de famílias que sofrem com as consequências das chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul”, disse o prefeito Bruno Reis (União Brasil).
O chefe do Executivo soteropolitano destacou ainda que colocou a estrutura de Salvador à disposição para enviar ajuda à cidade de Porto Alegre. “Tenho mantido contato com o prefeito Sebastião Melo para auxiliar no que for possível, inclusive disponibilizando o nosso corpo técnico da Defesa Civil, que é referência no país”, disse ele.
As doações serão recebidas pela prefeitura da capital gaúcha e, somadas a outras iniciativas de assistência espalhadas pelo país, serão compartilhadas com cidades vizinhas também afetadas pela chuva.
Olha aí. A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou, pouco depois do meio dia desta terça-feira, dia 7/5, da Base Aérea de São Paulo (BASP), em Guarulhos (SP), com destino à Base Aérea de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. O avião militar voa carregado com 34 toneladas de donativos, como fardos de água, cestas básicas, colchões, cobertores e medicamentos doados pela população de várias partes do país, para apoiar os esforços de socorro e assistência às pessoas atingidas pelas fortes chuvas que caem no Rio Grande do Sul, desde a semana passada.
Os suprimentos foram doados na campanha da FAB chamada de Todos Unidos pelo Sul, lançada na sexta-feira (3/5). As bases aéreas de São Paulo (Guarulhos-SP), do Galeão (Rio de Janeiro) e de Brasília (DF) centralizam as coletas dos suprimentos. Os pontos de arrecadação de roupas, colchonetes, água potável e gêneros alimentícios não-perecíveis seguem ativos de 8h às 18h, diariamente.
Somente no primeiro dia de arrecadação na Base Aérea de Brasília, foram recebidas cinco toneladas de doações.
Na segunda-feira, dia 6/5, a aeronave KC-30 partiu da Base Aérea do Galeão rumo ao estado do sul para distribuir as primeiras 18 toneladas de mantimentos doados pela população.
Operação Taquari II
A campanha de doações coordenada pela FAB faz parte da Operação Taquari II das três Forças Armadas que, desde 30 de abril, inclui atividades de busca e resgate de vítimas das chuvas, distribuição de suprimentos e reconstrução de infraestruturas afetadas.
Até esta segunda-feira (6/5), o trabalho integrado de militares e civis no auxílio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul conta com 3.406 militares da Marinha, Exército e Aeronáutica. Estão sendo empregados 15 helicópteros, um avião de carga, 243 embarcações e 2,5 mil viaturas e equipamentos de engenharia (civis e militares). O Ministério da Defesa estima que as operações de resgate conseguiram salvar 46 mil vidas.
Ao todo, três hospitais de campanha estão sendo instalados para atender os pacientes dos hospitais alagados pelas enxurradas. O hospital de campanha instalado em Estrela (RS), no Vale do Taquari, atende desde domingo (5), com 40 leitos. Outros dois funcionarão, em breve, em Eldorado do Sul (RS), com 20 leitos, e em São Leopoldo (RS), com mais 40 leitos.
Pai do céu. Apesar de Porto Alegre estar com céu limpo desde domingo, o nível das águas continua alto alagando áreas que não tinham sido atingidas até o momento.
Moradores dos Bairros da Cidade Baixa, no centro da capital gaúcha, e do Menino Deus, na zona sul, tiveram de evacuar as regiões depois que bombas de drenagem da prefeitura foram inundadas e acabaram sendo desligadas por questões de segurança.
Essas bombas são responsáveis por tirar a água e jogar de volta ao rio Guaíba, que está com 5,27 metros, acima da cota de inundação.
Com o desligamento, as ruas, carros, casas e comércios dos bairros foram tomados pela água em menos de meia hora.
“Peguei só o principal e vou voltar para o trabalho”, disse uma moradora.
“Foi o tempo de levantar as coisas e sair de dentro de casa”, afirmou outro morador, dentro da casa inundada.
Equipes de segurança foram ao local para ajudar na evacuação, com a recomendação que os moradores busquem locais seguros e abrigos.
Na tarde desta terça-feira, dia 7/5, um gerador de energia começou a ser instalado para a retomada do funcionamento das bombas de água.
Olha aí. As famílias afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul poderão receber uma linha de crédito especial para a reconstrução de casas, disse na noite dessa segunda-feira, dia 6/5, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O crédito se somará ao repasse de verbas ao governo gaúcho e às prefeituras das localidades atingidas pelo evento climático extremo.
Segundo Haddad, o governo ainda está definindo os detalhes e a possibilidade de os bancos oficiais operarem a linha de crédito. Nesta terça, dia 7/5, Haddad se reunirá com a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros. O ministro confirmou que a linha de crédito extraordinária será um dos temas.
“É preciso uma linha de crédito específica para reconstrução da casa das pessoas. A maioria não tem cobertura de seguro. Então, isso tudo vai ter que ser visto”, disse o ministro.
A linha de crédito se somará a outras medidas voltadas às famílias atingidas pela tragédia, como o adiamento, por três meses, do pagamento de tributos federais por pessoas físicas e empresas, inclusive o Imposto de Renda, nos 336 municípios gaúchos em estado de calamidade pública. Para as micro e pequenas empresas e os microempreendedores individuais, o pagamento foi adiado em um mês.
Segundo Haddad, as medidas devem ser fechadas e apresentadas hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro informou que enviará alguns cenários para o presidente decidir.
“Hoje saiu a primeira medida, que foi o decreto de calamidade, que abre para os ministérios a possibilidade de aportar recursos emergenciais [a] escolas, hospitais, postos de saúde. Não tem como esperar. Então, isso tudo vai precisar de uma dinâmica própria. Mas nós estamos trabalhando em outras frentes importantes e queremos concluir esse trabalho o mais rapidamente possível. Tudo dando certo, submeto ao presidente amanhã [nesta terça] alguns cenários”, afirmou Haddad ao sair do Ministério da Fazenda.
Ontem, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de decreto legislativo para reconhecer estado de calamidade pública em parte do território nacional, em decorrência da tragédia climática no Rio Grande do Sul. A proposta agiliza o repasse de recursos ao estado.
Dívida
Em relação à dívida dos estados com a União, Haddad disse que o governo pretende dar um tratamento específico e “emergencial” ao Rio Grande do Sul. O governador Eduardo Leite pede a suspensão das parcelas dos débitos com o governo federal para liberar cerca de R$ 3,5 bilhões do caixa do estado.
Segundo o ministro, embora outros estados do Sul e do Sudeste queiram renegociar as dívidas com a União, o Rio Grande do Sul receberá prioridade no momento. “Nós temos de isolar o maior problema para enfrentar de maneira adequada. É um caso totalmente atípico, precisa de um tratamento específico”, declarou Haddad.
Outra possibilidade de ajuda ao estado é a liberação de recursos por meio de créditos extraordinários, usados em situações urgentes e imprevistas e que estão fora do limite de gastos do novo arcabouço fiscal. Haddad informou que o governo federal ainda não tem um cálculo do valor necessário para ajudar na reconstrução do Rio Grande do Sul.
“Sem a água baixar, é muito difícil fazer uma estimativa de custo. Temos que aguardar os próximos dias para fazer uma avaliação dos danos e [decidir] como vamos enfrentar esse problema. Mas a disposição do Congresso e dos executivos estadual e federal é de enfrentar o problema”, afirmou Haddad.
Transparência
O ministro prometeu centralização e transparência no repasse dos recursos. “O importante é o seguinte: vai ser bem centralizado, para não perdermos a governança. Está bem focado nesta calamidade, está bem focado nos municípios atingidos, e vai ter um procedimento que tudo tem que ser aprovado no âmbito do Executivo e no âmbito do Legislativo. Para mantermos total transparência sobre o destino desse recurso”, acrescentou.
Haddad ressaltou que o diferencial do evento climático extremo no Rio Grande do Sul está na escala da tragédia. O ministro estava na comitiva do presidente Lula e dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, que sobrevoou a região metropolitana da capital gaúcha no domingo (5).
“Já vi isso ocorrer em várias localidades quando eu era ministro da Educação, de visitar locais atingidos por trombas d’água, chuvas tropicais, coisas intensas que afetavam escolas, hospitais, postos de saúde. Agora, nunca vi nada nessa extensão territorial. Algo tomar 200, 300 municípios, isso realmente é a coisa que mais choca. E você vê pessoas ainda isoladas, famílias que perderam [bens]. É difícil, uma situação que comove muito”, lembrou o ministro.