Toque feminino. Por trás das obras do programa municipal Morar Melhor existe o toque e dedicação de mulheres que atuam na construção civil, área que sempre teve uma presença masculina muito forte. Essas mulheres têm rompido estereótipos e feito um ótimo trabalho, contribuindo para que diversas famílias de Salvador realizem o sonho de ver os seus imóveis reformados.
Em um dos locais onde as obras do programa habitacional estão sendo realizadas – a Rua Mãe Cleusa, no bairro da Federação – a condução é feita pela engenheira civil Edileuza Sacramento, de 40 anos. Na equipe dela, nove mulheres realizam serviços diversos como rejuntamento, preparo de superfícies, pintura, instalações sanitárias, serviços de apontador e limpeza.
“Eu sempre pedi para dar mais oportunidade às mulheres no ramo da construção civil na empresa para a qual trabalho e esse pedido está sendo bem aceito. A mulher se doa, consegue fazer da melhor forma, é detalhista. São características que fazem toda a diferença para as obras. A nossa equipe é formada por homens e mulheres e nós prezamos muito pela união e transparência”, conta.
O pai da engenheira, que trabalhava na construção civil, hoje tem orgulho em dizer que ela é a melhor profissional que ele conhece. Edileuza atua no ramo há 20 anos. Começou como estagiária e hoje é responsável pelo gerenciamento e acompanhamento de diversas obras na cidade, inclusive, de algumas do Morar Melhor.
Conquistas — Uma das integrantes da equipe de Edileuza é Jane Carla Cerqueira, de 45 anos, que já atuou como cuidadora de idosos e hoje é ajudante prática nas obras. Há três meses, ela trabalhou na primeira obra de sua vida em casas reformadas pelo Morar Melhor na Baixa do Chocolate, em Brotas.
“No começo, eu achei que não conseguiria, mas me identifiquei muito na área da pintura. Graças a Deus, eu estou me saindo bem e estou gostando. Ao mesmo tempo em que estou trabalhando, estou ajudando ao próximo, estou ajudando às famílias. Em cada casa, a gente vê a felicidade das pessoas sendo contempladas, pessoas que não têm condições financeiras de reformar a casa. As pessoas nos agradecem e eu digo que estamos aqui para isso”, conta.
Sempre que pode, Graciete Antônia Souza, 48 anos, orienta a turma, já que ela é a mais experiente, trabalha na empresa atual há três anos e já tem uma bagagem de outras obras. “É uma troca de experiência. Eu dou dicas, escuto as colegas também. Para mim é muito gratificante atuar no programa Morar Melhor, chegar a uma casa que precisa de acabamento e deixar tudo organizadinho, com o nosso toque. Os moradores ficam muito felizes”.
O pedreiro e colega de trabalho Cosme José da Silva, 50 anos, conta que gosta de dividir o dia a dia de trabalho com as mulheres. “Eu acho ótimo. O desempenho das meninas é muito bom. Somos todos iguais e se fosse para dar uma nota, eu daria dez. As mulheres são mais caprichosas que os homens e eu já trabalhei com pedreira melhor que eu”, conta.
Marias na Construção – A maioria das empresas contratadas pela Seinfra para executar as reformas do Morar Melhor possui mulheres na equipe. Além disso, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) e em parceria com o Senai, criou o programa Marias na Construção, que oferece cursos na área da Construção Civil. O programa conta também com a parceria da Defesa Civil de Salvador (Codesal) e da Seinfra.
Na edição-piloto, 120 mulheres foram capacitadas nos cursos de eletricista instaladora predial de baixa tensão, pintora de obras e pedreira polivalente. No ano passado, 102 alunas participaram da primeira edição do programa, cujas aulas tiveram que ser suspensas por causa da pandemia do novo coronavírus. O nome do programa é uma homenagem à primeira mestre de obras da Bahia, Maria do Amparo Xavier, que já esteve à frente de importantes obras na cidade.
Morar Melhor – Desde que foi criado pela Prefeitura, em 2015, o Morar Melhor já reformou mais de 32 mil casas em mais de 128 localidades da capital baiana. As casas são cadastradas para receber reformas que podem incluir reboco e pintura, recuperação ou troca de telhado, troca de esquadrias (portas e janelas) e instalações sanitárias. A indicação do serviço é feita em conjunto com o morador, e o limite de investimento por imóvel é de R$7 mil.
A maior predominância de mulheres chefes de família é um dos critérios adotados pelas equipes técnicas para a escolha das casas beneficiadas. Além disso, são observados outros aspectos, a exemplo da precariedade dos bairros, baseado em dados do IBGE; maior predominância de domicílios com alvenaria sem revestimento; maior predominância de pessoas abaixo da linha de pobreza; maior densidade habitacional e precariedade habitacional obtida pela observação de campo.
“Além de proporcionar mais conforto, resgatar a autoestima das famílias e devolver a qualidade de vida, o Morar Melhor também oportuniza geração de emprego e renda. Além da prioridade do programa em beneficiar mulheres chefes de família com a reforma das casas, nós vamos além com mulheres que, literalmente, colocam a mão na massa e fazem o programa acontecer”, afirma o titular da Seinfra, Luiz Carlos de Souza. Fonte: Secom/PMS
Fotografia: Jefferson Peixoto/Secom/PMS