Vixe. O senador pelo Estado de Rondônia, Marcos Rogério (DEM), apresentou na CPI-COVID, nesta quinta-feira, um vídeo do secretário da Saúde da Bahia, Fabio Vilas-Boas, falando sobre o tratamento médico com a cloroquina, em ambiente hospitalar e acompanhamento médico.
Na sequência de vídeos, aparecem nomes como os governadores Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, e Wellington Dias (PT), do Piauí, além do governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e o governador do Pará, Helder Barbalho. Todas as gravações são de 2020.
À medida que a pandemia do coronavírus se disseminou pelo mundo, espalhou-se também o esforço de pesquisadores para entender melhor o vírus, como ele é transmitido e o que pode ser feito para prevenir a infecção e tratar os pacientes que contraíram a doença decorrente dele, a covid-19.
Repositórios de instituições do Brasil e do exterior trazem diversos estudos, como o site da Organização Mundial da Saúde (OMS) que reúne pesquisas sobre o tema, ou de periódicos famosos, como a revista Science, que também criou uma seção específica para divulgar investigações voltadas à pandemia
Algumas universidades ganharam relevância mundial com o monitoramento do avanço da pandemia, como a Johns Hopkins, dos Estados Unidos. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), centro de pesquisa vinculado ao Ministério da Saúde, não só sistematiza informações como vem promovendo diversos estudos sobre o vírus.
Vários cientistas se dedicaram a tentar entender melhor o coronavírus, por se tratar de uma nova modalidade. Ainda em fevereiro, pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram sequenciar o gene em apenas 48 horas. Um equipamento menor que um celular foi conectado a um computador por cabo USB.
A amostra foi lida por poros em escala nanométrica, ou seja, um milímetro dividido por milhão. As informações foram analisadas por um software que decodifica os dados, traduzindo a estrutura do vírus.
Outra frente de pesquisa sobre o novo coronavírus busca identificar a letalidade da doença decorrente dela, a covid-19. Um dos métodos envolve testar pessoas para verificar o percentual que desenvolveu anticorpos e, assim, calcular o montante que teria tido contato real com o vírus.
Pesquisa conduzida pela Universidade de Bonn, na Alemanha, divulgada em 9 de abril, encontrou o anticorpo em 14% da amostra, estimando um índice de letalidade de 0,37%. Para comparar, a taxa de mortes por influenza é de 0,1%. O estudo, contudo, foi contestado por outros grupos de pesquisadores.
Outra investigação, do Hospital Geral de Massaschussets, na cidade de Boston, nos Estados Unidos, identificou anticorpos em 31% da amostra. Contudo, os pesquisadores admitiram que a sorologia tinha 90% de efetividade e os participantes foram recolhidos na rua, o que pode relativizar os resultados.
No Brasil, o Centro Epidemiológico da Universidade de Pelotas (UFPel), em parceria com o Ministério da Saúde, iniciou uma investigação também baseada no grau de imunização para mapear o avanço da pandemia no país.
Cerca de 33 mil pessoas, de 133 municípios brasileiros, serão submetidas ao teste rápido que detecta a presença de anticorpos IgM (de infecção mais recente) e IgC (de infecção mais antiga) a partir de amostras de sangue coletadas. De acordo com o ministério, o trabalho deve esclarecer três questões sobre o vírus no Brasil: o número de infectados, a velocidade com que o vírus tem se espalhado e a taxa de letalidade da covid-19 na região.
Diagnóstico e prevenção
O Ministério da Saúde reuniu informações sobre evidências de estudos em um documento denominado “Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento da Covid-19”, que reúne as análises sobre a pandemia e seu combate, consideradas referências para o órgão.
No que se refere a medidas de prevenção, o texto reafirma recomendações já conhecidas, como lavar as mãos com desinfetante e álcool 70%, praticar etiqueta respiratória (como cobrir espirros) e evitar contato com outras pessoas, como medidas gerais de prevenção. O documento também recoloca a indicação de procurar atendimento médico se a pessoa apresentar sintomas como febre, tosse e dificuldade de respirar.
Sobre diagnóstico, outra frente tem sido o desenvolvimento de testes que possam ser mais baratos e rápido do que os disponíveis. Um exemplo é a investigação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Teranóstica e Nanobiotecnologia (INCT TeraNano), sediado na Universidade Federal de Uberlândia (MG), que desenvolveu uma solução para testagem rápida de casos de covid-19 usando tecnologia que pode apresentar o resultado em 1 minuto.
A expectativa dos pesquisadores é que essa solução fique pronta até o início de maio. Ela utiliza laser para decompor a saliva em grupos químicos. A análise é processada por meio de um sistema de inteligência artificial, fornecendo resultado rápido. Os testes rápidos utilizados no Brasil levam cerca de 30 minutos para dar o diagnóstico.
Tratamentos
Até a última atualização, a OMS tinha 614 estudos registrados. A organização disponibiliza uma plataforma interativa na qual qualquer interessado pode conhecer as pesquisas por país ou tipo de droga avaliada.
O maior deles é a “Solidarity Clinic Trial”. Nela, são avaliadas quatro opções de tratamento contra a covid para avaliar se as drogas analisadas contribuem para mitigar a evolução da enfermidade ou ampliar as condições de sobrevivência. A orientação da OMS é que até a existência de evidências, associações médicas e autoridades devem ter cuidado ao recomendar algum desses tratamentos.
São avaliadas na pesquisas quatro remédios. Remdesevir é um droga utilizada no tratamento do vírus ebola. Ele já teve resultados promissores com outros tipos de vírus que causam Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O Lopinavir é empregado no tratamento do vírus da aids. Até o momento, os estudos com ele foram inconclusivos.
O interferon beta-1ª é um medicamento adotado para tratar esclerose múltipla. Por fim, o medicamento que ganhou notoriedade no Brasil, a cloroquina, também é analisada pela pesquisa. Segundo a OMS, possíveis benefícios ainda demandam confirmações por novos testes.
Na plataforma da OMS eram registradas, na última semana, 17 pesquisas envolvendo o Brasil. Dessas, 13 são realizadas somente no país e quatro são pesquisas internacionais, que abrangem outras nações. Uma delas é a Solidarity Clinic Trial, da OMS. A Fiocruz é a responsável pela representação da iniciativa aqui.
Cloroquina
A cloroquina também ganhou visibilidade. Pesquisadores da Fundação de Medicina Tropical e da Universidade Estadual do Amazonas iniciaram um estudo para analisar a eficácia da aplicação do produto no tratamento da covid-19. Os resultados preliminares apontaram riscos à vida dos pacientes que receberam altas doses da substância.
Os pesquisadores analisam o emprego de cloroquina em 81 pacientes em estado grave. A investigação envolveu a identificação das doses mais adequadas. No estudo, os pesquisadores viram que a aplicação de doses mais altas (600 miligramas), duas vezes ao dia por dez dias, teve efeito agressivo e gerou efeitos colaterais, como arritmia cardíaca ou até mesmo a morte.
Outro estudo, realizado por sete pesquisadores da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, avaliou 386 pacientes e concluiu que as taxas de morte de pacientes que receberam a cloroquina e essa substância combinada com azitromicina foram maiores do que para os que não receberam.
Outras drogas
O Centro de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, iniciou uma pesquisa para avaliar mais de 2 mil medicamentos para verificar a eficácia contra a covid-19, todos eles já registrados no Brasil.
São analisadas substâncias diversas, como analgésicos, antibióticos ou anti-hipertensivos. Em resultados preliminares, dois tratamentos revelaram resultados promissores. Contudo, o CNPEM não revelou os nomes para evitar automedicação, como ocorre no caso da cloroquina.
Uma investigação da Fiocruz, divulgada no dia 6 de abril na plataforma internacional BiorXiv, avaliou a eficácia do atanazavir, utilizado para o tratamento de portadores do vírus da aids. Segundo resultados preliminares, a aplicação do remédio reduziu o ritmo de reprodução do vírus e ajudou a dificultar o avanço da doença.
“A análise de fármacos já aprovados para outros usos é a estratégia mais rápida que a ciência pode fornecer para ajudar no combate à covid-19, juntamente com a adoção dos protocolos de distanciamento social já em curso”, defende Thiago Moreno, pesquisador da Fiocruz. Fonte: Agência Brasil
O Ministério da Defesa anunciou que os laboratórios químicos das Forças Armadas aumentaram a produção de álcool em gel e de cloroquina. A produção em caráter emergencial acontece de forma conjunta no Laboratório Farmacêutico da Marinha (LFM), no Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx) e no Laboratório Químico Farmacêutico da Força Aérea (LAQFA), todos localizados no Rio de Janeiro.
“Temos 10 mil bisnagas de álcool gel em embalagens de 85 ml em estoque. A ideia é produzir 180 mil bisnagas”, declarou a coronel médica do Exército Carla Clausi, subdiretora de Saúde Operacional do Exército.
A Aeronáutica também vai ampliar a produção a partir de hoje (30). O Laboratório Químico da Força Aérea produzirá mais de 1.200 litros de álcool em gel. Após essa data, a expectativa, de acordo com o Ministério da Defesa, é aumentar a produção para 8 mil litros desse produto para limpeza das mãos.
“Nós também adquirimos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como macacão, touca e luva, para distribuir aos hospitais da FAB. Vamos enviar esses produtos, de forma emergencial, para uso dos médicos e enfermeiros que estão enfrentando o Coronavírus”, afirmou a tenente-coronel farmacêutica Andreia Brum, diretora interina do LAQFA.
O laboratório da Marinha também faz parte da força-tarefa. “O setor de pesquisa e desenvolvimento iniciou árduo trabalho para formular e adequar a estrutura fabril, a fim de permitir a produção de sanitizantes como o álcool em gel 70%. Na segunda-feira passada (20), foi prontificado o primeiro lote em escala industrial do referido produto”, informou o capitão de Mar e Guerra André Hammen, diretor do LFM.
Cloroquina
Além da produção de álcool em gel, os três laboratórios estão unindo forças para ampliar a produção de cloroquina, medicamento recentemente autorizado pelo Ministério da Saúde para ser utilizado no tratamento de pacientes acometidos por coronavírus em estado grave. O laboratório do Exército é detentor do registro desse medicamento e iniciou a produção na segunda-feira passada (23).
Assim que a produção for concluída, cabe aos laboratórios da Força Aérea e da Marinha as etapas de embalagem e rotulagem. “As ações conjuntas permitirão acelerar a produção, de forma que sejam concluídos dois lotes por semana, o que representa cerca de 500 mil comprimidos”, explicou o Capitão de Mar e Guerra André Hammen.
Laboratórios químico-farmacêuticos
Os laboratórios químico-farmacêuticos das Forças Armadas atuam em parceria com o Ministério da Saúde, reduzindo o custo de produção e a compra de medicamentos importantes de alto custo e complexidade. Ao todo, são 21 laboratórios oficiais no país, que, juntos, produzem cerca de 30% dos medicamentos utilizados no Sistema Único de Saúde (SUS). Fonte: Agência Brasil