O governador da Bahia, Rui Costa, publicou na quinta-feira, dia 3, na página dele do Facebook, uma carta de repúdio referente à abertura do processo de impeachment contra a Presidente da República, Dilma Rousseff, aberto na quarta-feira, dia 2, pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Em outra postagem na rede social, ainda nesta quinta-feira, dia 3, Rui Costa disse que “a atitude de Cunha é inaceitável, é uma violência contra a democracia brasileira”.
Ainda segundo o texto publicado pelo governador da Bahia, o manifesto representa os governadores do Nordeste, que são Robinson Farias, do Rio Grande do Norte; Flávio Dino, do Maranhão;Ricardo Coutinho, da Paraíba; Camilo Santana, do Ceará; Paulo Câmara, de Pernambuco; Wellington Dias, do Piauí;Jackson Barreto, de Sergipe; e Renan Filho, de Alagoas.
Segundo o G1, todos confirmaram apoiar o texto do Rui Costa, exceto o governador de PE, Paulo Câmara.
Em nota divulgada na tarde desta quinta-feira, dia 3, Paulo Câmara (PSB), afirmou que não é a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas reiterou que, apesar disso, não participou da confecção da nota que está circulando como sendo a posição dos governadores do Nordeste. “A nota divulgada, a qual respeito, não teve minha participação”, enfatiza.
Confira o texto de Rui Costa na íntegra:
Diante da decisão do Presidente da Câmara dos Deputados de abrir processo de impeachment contra a Exma Presidenta da República, Dilma Rousseff, os Governadores do Nordeste manifestam seu repúdio a essa absurda tentativa de jogar a Nação em tumultos derivados de um indesejado retrocesso institucional. Gerações lutaram para que tivéssemos plena democracia política, com eleições livres e periódicas, que devem ser respeitadas. O processo de impeachment, por sua excepcionalidade, depende da caracterização de crime de responsabilidade tipificado na Constituição, praticado dolosamente pelo Presidente da República. Isso inexiste no atual momento brasileiro. Na verdade, a decisão de abrir o tal processo de impeachment decorreu de propósitos puramente pessoais, em claro e evidente desvio de finalidade. Diante desse panorama, os Governadores do Nordeste anunciam sua posição contrária ao impeachment nos termos apresentados, e estarão mobilizados para que a serenidade e o bom senso prevaleçam. Em vez de golpismos, o Brasil precisa de união, diálogo e de decisões capazes de retomar o crescimento econômico, com distribuição de renda.
Confira a nota de Paulo Câmara na íntegra:
“Gostaria de registrar, para esclarecimento, o meu entendimento a respeito do momento político que vive o Brasil. Não houve tempo, de minha parte, de conversar sobre esta nota que está circulando como sendo a posição dos Governadores do Nordeste. A nota divulgada, a qual respeito, não teve minha participação. E, por isso, gostaria de externar minha posição.
Entendo que não existe, até aqui, as condições para o impedimento da presidente da República. Mas há agora um fato consumado: foi aberto o processo de impeachment, para o qual, no meu entender, o presidente Eduardo Cunha tem sua legitimidade comprometida na condução da Câmara dos Deputados. Ele precisa deixar a presidência da Casa.
Diante do fato consumado, espero que possamos superar esse impasse político. O que a população quer ver são ações em favor da coletividade, tais como a nossa luta para conter o avanço do mosquito aedes aegypti; o combate ao desemprego, que sobe em velocidade; o esforço para tomar medidas certas para controlar a inflação; e nossa atuação para recolocar o Brasil nos trilhos para que o País volte a crescer e a gerar emprego e renda.
É necessária uma união nacional para a superação dos atuais obstáculos. Temos que trabalhar duro para que em 2016 esta crise política seja ultrapassada e que os problemas econômicos sejam efetivamente enfrentados. Isso só será possível com estabilidade política para resgatar a confiança e a credibilidade na nossa economia.
Esse processo também é uma oportunidade para o Governo, de fato, quem sabe, rearrumar a sua base no Congresso Nacional e aprovar as medidas necessárias para ajustar a economia. É preciso dar um basta na política pequena, de troca de favores para qualquer tomada de posição.
Nosso partido não votou nem na presidente da República e nem no presidente da Câmara dos Deputados. Trilhamos nosso próprio caminho. Essa postura continuará, defendendo as instituições e o respeito à Constituição do País.
Paulo Câmara
Governador do Estado de Pernambuco”
Foto: Reprodução/Facebook