Nada de festa na rua. O governador da Bahia Rui Costa (PT), declarou, na manhã desta quinta-feira 23/12, que será impossível realizar o carnaval nos moldes tradicionais na Bahia.
“Se no início de dezembro estava difícil fazer o Carnaval agora ficou impossível. Só uma pessoa completamente irresponsável autorizaria Carnaval nestas condições”, disse o governador. O petista disse que a liberação de eventos com mais de 5 mil pessoas já foi além do que ele imaginava liberar no Estado neste cenário de enfrentamento à Covid-19.
Rui voltou a dizer que realizar o Carnaval é ser irresponsável com a vida humana e que ele não integra esse grupo classificado por ele por irresponsável. “Não teremos Carnaval nesse modelo que a gente conhece como Carnaval”, disse, durante entrega de obras no Hospital Roberto Santos, em Salvador.
Caiu fora. Bell Marques anunciou nesta terça-feira 14/12 em seu perfil do Instagram que, em função das indefinições quanto à realização do Carnaval de rua em Salvador e dos prazos necessários para a realização da festa, os blocosCamaleão e Vumbora, além do novo Bloco da Quinta, não desfilarão em 2022. Com abadás quase esgotados, os três projetos do cantor, uma das figuras mais emblemáticas da festa, serão adiados para o Carnaval de 2023.
“Não vamos perder nossa alegria! 2023 chega logo e vamos fazer a maior apresentação da história, um desfile lindo, como sempre. Vejo vocês em 2023 com a mesma energia de sempre”, prometeu o cantor.
Caiu fora. A cantora Daniela Mercury anunciou que não vai participar das festas de rua, abertas ao público, no carnaval 2022, por conta do cenário incerto da pandemia da Covid-19. A artista falou sobre o assunto nesta sexta-feira 3/12.
“Sinto muito em anunciar isso, mas avaliamos bem a situação e chegamos à conclusão que o cenário é muito incerto”, informou a cantora.
Na nota, Daniela informou que mesmo sem o anúncio oficial de cancelamento da festa, ela considera que na Bahia, o governo e a prefeitura de Salvador não vão realizar o carnaval no próximo ano.
A baiana disse ainda que apesar de estar mantido o carnaval de São Paulo e a Pipoca da Rainha ser tão tradicional na folia paulistana, ela não vai desfilar em 2022.
O impasse. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Bahia) enviou um ofício à Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada dos Eventos da Câmara Municipal de Salvador recomendando que o Carnaval da cidade seja realizado em um cenário em que 90% da população seja vacinada em segunda dose. O documento foi lido durante audiência pública realizada nesta terça-feira 23/11, pela Comissão Especial e pela Comissão do Carnaval no Centro de Cultura da Câmara de Salvador.
No ofício, a Fundação sugere que dois cenários sejam considerados na organização do Carnaval: o primeiro com a pandemia controlada, com realização de atividades “normais” ou com agravamento da pandemia, com atividades limitadas.
“Temos trabalhado com o parâmetro de pelo menos 80% das pessoas com esquema vacinal completo para se ter maior segurança. Considerando que o carnaval é um evento de massa, com muitas aglomerações e circulação de pessoas (de outros estados e países), consideramos muito importante que a vacinação tenha avançado mais ainda, com pelo menos 90%”, escreveu a Fiocruz no ofício, que foi assinado pela Diretora do Instituto Gonçalo Moniz, Marilda de Souza Gonçalves, da Fiocruz-Bahia.
A carta da Fiocruz-Bahia foi lida pelo presidente da Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada dos Eventos de Salvador, o vereador Claudio Tinoco (Democratas), durante a terceira audiência pública realizada pela Comissão para debater o tema.
Com tema mais voltado à saúde e os indicadores da pandemia, participaram da audiência Izabel Marcílio, coordenadora do centro de operações de emergência em saúde da Secretaria do Estado da Bahia (Sesab), representando a secretária estadual de saúde Tereza Paim; Doiane Lemos, subcoordenadora de controle de doenças imunopreviníveis, representando o secretário municipal de saúde Leonardo Prates; Marcos Sampaio, presidente do Conselho Estadual de Saúde; Everaldo Braga, presidente do Conselho Municipal de Saúde; Ceuci Nunes, infectologista diretora do Instituto Couto Maia; e Flávio Souza, presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar).
Marcada por equilíbrio e diálogo, na audiência os convidados da saúde trouxeram dados sobre o cenário da pandemia na Bahia e em Salvador, discutiram os indicadores atuais e históricos e opinaram pela maior cautela no anúncio da realização do Carnaval em 2022. Os representantes do Carnaval, no entanto, destacaram a importância de se anunciar uma decisão embasada na ciência e que parâmetros concretos fossem definidos para acompanhamento e comparação. Na próxima segunda-feira 29/11, a Comissão se reunirá para debater o relatório da audiência pública de hoje e fazer encaminhamentos sobre o Carnaval. Durante a audiência, o vereador Claudio Tinoco destacou que a Comissão está atenta ao que ocorre em outros países, já que a pandemia é mundial, que considera a vacina fundamental para dar maior segurança e conforto à população, mas que o compromisso com a cultura, música e com categorias que, muitas vezes, têm no Carnaval uma oportunidade de trabalho com maior retorno financeiro, principalmente neste período pós-impacto econômico grande.
“Esperamos que o governador e o prefeito possam se reunir em breve para tratar esse assunto e que, com base nos dados apresentados pelas secretarias, possam decidir e trazer uma resposta à população sobre o Carnaval”, disse Tinoco. A Comissão Especial para discutir e deliberar acerca da retomada dos eventos na cidade do Salvador da Câmara é composta pelos seguintes vereadores: Claudio Tinoco (presidente), Anderson Ninho (vice-presidente), André Fraga, Cris Correia, Daniel Alves, Leandro Guerrilha, Marta Rodrigues, Ricardo Almeida e Sílvio Humberto.
Ambas as secretarias de saúde do estado e do município destacaram a importância da vacinação da população, que consideram ainda baixa. “Todos os municípios têm colaborado demais e trabalhado dia e noite, mas ainda são índices baixos de cobertura vacinal. (Agora, por conta da vacina), os casos já são menos graves. Pacientes estão na UTI, mas estão saindo por conta dessa novidade da vacinação. Mas hoje eu já começo a olhar para a terceira dose, que temos a cobertura vacinal baixa”, disse Izabel Marcílio, representante da Sesab, que apresentou índices da pandemia na Bahia.
Doiane Lemos, representante da Secretaria Municipal de Saúde, destacou a importância de Salvador alcançar ao menos 80% de cobertura vacinal em segunda dose. Atualmente, a taxa está em 75%. Para isso, ela cobrou maior adesão da população à vacinação, principalmente à segunda dose.
O presidente da Comcar, Flávio Souza, destacou a importância de se “oficializar a festa” porque, na visão dele, festas serão realizadas, principalmente em bairros, sem controle. E, com a oficialização da festa, a fiscalização seria intensificada e a segurança maior, com definição de protocolos. Os presidentes de comissões de saúde estadual e municipal se posicionaram contra a realização do Carnaval e destacaram a importância de acompanhar os índices de saúde e de analisar a realização da festa sob a ótica da manutenção de vidas.
Tá complicado. Ao menos 43 Cidades do estado de São Paulo decidiram cancelar o carnaval em 2022 por conta da pandemia da Covid-19. Cidades como Botucatu, Sorocaba, Mogi das Cruzes, Poá e Suzano caminham para o segundo ano consecutivo sem a festa.
Segundo informações do portal G1, as prefeituras temem que o carnaval possa gerar uma nova onda de contaminação do coronavírus e volte a elevar o número de casos e óbitos. No momento, as taxas de ocupação estão baixas e os índices da doença registram melhoras no comparativo com os piores meses da pandemia.
Na capital paulista, o cronograma para a festa segue mantido. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), quer montar um comitê interdisciplinar entre as cidades que realizam os maiores carnavais do país, incluindo Salvador, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, para tomar decisões de forma conjunta.
Tá puxado. O Prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM) afirmou, nesta segunda-feira 22/11, que deve encontrar o governador da Bahia, Rui Costa (PT), ainda nesta semana para definir a realização do Carnaval 2022. Ainda não há, conduto, uma data estabelecida. Pelo que acredita, a situação está perto de ser definida. “Tenho fé de que a decisão está próxima de ser tomada. Se não for agora, vamos ver até quando pode ser adiada”.
Bruno disse ainda, em conversa com a imprensa, que as manifestações favoráveis ao Carnaval realizadas no Farol da Barra, no domingo 21/11, são “legítimas”. “São justas. A gente compreende a angústia desse setor, afinal de contas já são quase 2 anos parados, sem ter renda, sem ter condição de garantir seu sustento, seu pão de cada dia. Estamos aguardando, dentro dos próximos dias, que a gente possa se reunir com o governador”.
Será? O governador da Bahia, Rui Costa, disse no programa “Papo Correria”, realizado na noite desta terça-feira 115, que acha “viável” a realização do Carnaval em 2022.
“Acho absolutamente viável. Temos todas condições de vacinar toda a população brasileira até o final do ano. É ‘barbeiragem’ e incompetência, se até o final do ano não tivermos feito. Mas não só o carnaval, mas o verão”, disse o governador.