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Polícia investiga desvio de verba no bloco Filhos de Gandhy

domingo, novembro 30th, 2014

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Êta joça. A Polícia Civil investiga uma denúncia de supostas irregularidades na prestação de contas e desvio de verbas pública e privada doadas ao bloco carnavalesco Afoxé Filhos de Gandhy.
Fundada há 65 anos, a entidade é alvo de uma investigação da 1ª Delegacia Territorial (Barris) provocada pelo ex-membro do conselho fiscal da entidade, Raimundo Guerreiro, que identificou supostas inconsistências nas finanças entre 2012 e 2014.

Associado à entidade há cerca de 30 anos, Guerreiro apresentou para o A Tarde um relatório elaborado por um técnico em contabilidade dos Filhos de Gandhy com base em documentos do bloco. O material aponta distorções de valores nas contas apresentadas pelo conselho fiscal.
O documento se refere à prestação de contas do ano de 2012, que deveria ter ocorrido em maio de 2013, conforme o estatuto do bloco, mas só veio a ocorrer em março deste ano. “Mesmo com ressalvas, as contas foram aprovadas pelo conselho atual”, destacou.
O presidente em exercício do Filhos de Gandhy, José Francisco Ferreira Lima, disse que não vai prestar “nenhuma declaração” sobre as acusações feitas por Guerreiro.

Representação
De acordo com o delegado Artur Ferreira, que investiga o caso, a advogada Ana Carolina Landeiro, que representa Guerreiro e Gilsoney de Oliveira, outro membro do afoxé, entrou com uma representação criminal no dia 8 de agosto. “A representação narra uma série de desvios de verba do Gandhy, com farta documentação. As prestações de conta não dizem a destinação das verbas. Só informam que o dinheiro entrou e não onde foi investido”.
Segundo Ferreira, a investigação mostrou que há indícios de crimes como peculato, apropriação indébita, falsidade de documento público e particular e falsificação de assinatura de associados. “Estou investigando com tranquilidade porque a instituição não deve pagar por causa de quatro ou cinco dirigentes. Se eu for entrar com uma medida cautelar, o Gandhy nem sai no Carnaval, mas não queremos que isso aconteça”, ressaltou.
“Há provas suficientes de que houve algo errado e agora vamos verificar de quem é a responsabilidade”, disse. Dentre as irregularidades apontadas, está o pagamento de R$ 30 mil em 2012 à empresa Xequerer, que só assinou contrato com a associação em 2013, sem firma reconhecida.
“Foi um contrato de gaveta, sem reconhecer firma. A direção do Gandhy disse que era para intermediar com outros artistas, mas a Xequerer até vendia carnê para os associados. A empresa funcionava na própria sede do Gandhy. O que está soando é que botaram uma empresa dentro para lavar dinheiro, mas estamos investigando”, frisou.
Segundo Guerreiro, o financiamento público não declarado pela entidade, em 2012 e 2013, chega a cerca de R$ 277 mil, somadas verbas da Secretaria de Turismo do Estado e Bahiatursa. Ainda, a entidade teria recebido, entre 2010 e 2012, R$ 220 mil de financiamento da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa).
“A gente não tem ideia do rombo nas contas porque os documentos não foram apresentados nas últimas assembleias, o que é garantido pelo estatuto do bloco”, frisou Guerreiro. Por conta das suspeitas levantadas por ele na última assembleia do bloco, em março passado, os membros da diretoria decidiram processá-lo por calúnia e
difamação.

“Mina de ouro”
O delegado contou que ouviu membros da direção da entidade. “Vieram e se prontificaram a trazer as prestações de conta, o contrato da Xequerer e a destinação das verbas, mas não trouxeram”.
Ontem, venceu o prazo que Ferreira deu aos diretores para apresentar prestação de contas das verbas públicas e privadas doadas ao Gandhy. “Intimei todos eles novamente para serem ouvidos a partir da próxima segunda-feira. O Gandhy é uma associação, mas tem que prestar as contas das verbas que recebe”.
Ferreira acrescentou que vai verificar a evolução patrimonial dos membros da direção e a destinação das verbas. Ele disse que vai instaurar um inquérito e requerer perícias. “O Gandhy é uma mina de ouro. Recebe verba pública e privada. Vou oficiar a Embasa, prefeitura e governo do estado, além de outras entidades, para saber a quantia efetiva doada. Temos que ver também por que os dissidentes estavam calados e agora resolveram denunciar o caso”, finalizou.

 

 
Foto: Reprodução
Fonte: A Tarde