O governo decidiu buscar um novo diretor-geral para a Polícia Federal em até 30 dias após o episódio da gravação telefônica entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, informou o jornal Folha de S.Paulo desta segunda-feira, dia 21.
Segundo a reportagem, o atual diretor, Leandro Daiello, que está no cargo desde 2011, perdeu de vez a confiança do Planalto depois dessa gravação, que foi feita com autorização do juiz Sergio Moro.
Pela legislação em vigor, aprovada em 2014, o diretor-geral da PF deve fazer parte do quadro de delegados da instituição no mais alto nível da carreira. Esse ponto é chamando internamente de “classe especial”. O escolhido para substituir Daiello deverá vir daí.
A tarefa mais árdua de Eugênio Aragão, novo ministro da Justiça, está em identificar entre esses delegados alguém que aceite a missão. Isso porque o desgaste político da troca em meio à atual situação do país deverá ser bem alto, indica a Folha.
O governo, afirma o jornal, tem plena consciência das críticas que sofrerá ao confirmar a mudança de comando. Mas a avaliação geral é de que deve ter alguém de confiança sob seu controle, diante do risco cada vez mais alto de impeachment de Dilma pelo Congresso.
Falando à própria Folha no sábado, dia 19, Aragão causou certa polêmica ao dizer que, “se necessário, trocaria toda a equipe da PF em caso de vazamentos de informações”. Na entrevista, também afirmou que Daiello não estava completamente garantido no cargo de diretor-geral.
A relação entre o diretor-geral da Polícia Federal e o ministro da Justiça é de subordinação. Mas há sempre autonomia de atuação por parte do comandante da PF. Na Constituição não existe nenhum indicativo de que o ministro tem poder de ingerência na atuação funcional da corporação, mas sim o poder de determinar a previsão orçamentária e as diretrizes da polícia.
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*Com agência Reuters
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