Pegou ar. Retado com a gravação da sessão ordinária da Câmara Municipal de Itaparica, Região Metropolitana de Salvador, na quinta-feira, dia 10, o presidente da Casa Legislativa, vereador Nixon Ferreira (PSD), deixou a cadeira da presidência e se dirigiu ao cinegrafista amador Marlon Queiroz, do canal de webTV PP, pedindo que ele deixasse o local com o equipamento.
Em contato com um site local, nesta sexta-feira, dia 11, Marlon afirmou ter sido agredido pelo edil. “Ele tentou tomar meu equipamento e começou a me empurrar para fora da Câmara porque não queria que eu filmasse. Tentei argumentar, mas o vereador pediu reforço de um guarda municipal e me expulsou da sessão. Passei por uma humilhação pública”, relata o cinegrafista amador.
No vídeo, o vereador questiona o cinegrafista: “Você é o quê?”. Marlon diz que tem o direito de gravar, mas é retirado do plenário. “Não é assim, não”, reclama. Um guarda municipal brada: “E é como?”.
Segundo Marlon, nenhum vereador tentou intervir na confusão. “Ninguém tomou qualquer atitude. Lá (na Câmara) é assim. Às vezes, o presidente libera a filmagem. Outras, ele proíbe. A gente fica nessa promiscuidade e refém da vontade dele. Fico muito revoltado porque queria exercer minha liberdade e não pude. Registrei boletim de ocorrência e retornarei à delegacia (19ª Delegacia Territorial) na próxima terça-feira (15)”, conta.
“Foi excesso de preciosismo”, defende-se vereador
Ao comentar o assunto, o vereador Nixon Ferreira – que é pré-candidato à Prefeitura de Itaparica – reconhece o “excesso”, mas disse que o cinegrafista estava com trajes indevidos e não havia feito credenciamento. “Ele estava de bermuda e não é permitido. Além disso, o rapaz não pediu autorização para filmar. Esse canal costuma deturpar o que a gente discute na sessão. Isso é perseguição política”, contesta o edil.
Em relação à entrada do cinegrafista trajando bermuda, Nixon admite falhas no controle do acesso. “Chamei todo mundo para explicar que não pode. Os guardas falharam, mas são pessoas de idade”, explica. O vereador disse, ainda, que Marlon vai ter que provar as agressões. “Nem toquei nele. Se tiver que ir à delegacia, estou à disposição. Não tem problema nenhum em filmar, desde que obedeça o regimento interno da Casa. Foi excesso de preciosismo meu em querer que tudo funcione dentro da legalidade”, argumenta.
Marlon Queiroz afirma que outras pessoas usavam bermuda durante a sessão. “Não é requisito para entrar na Câmara. O vereador quer ir por esse caminho, dizendo que tem cunho político e partidário, mas não tem nada a ver. Ele quer desviar o foco”, acusa.
No canal de WebTV, participantes criticaram a ação do vereador. Um internauta convocou: “Faremos todos, o seguinte: iremos à próxima reunião com seus celulares na mão filmando, todos de uma só vez. Veremos o que ele fará”.
Fotos Reprodução