O pau quebrou. Os vereadores de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, no Mato Grosso, aprovaram uma lei que autoriza a prefeitura a contratar uma Organização Social para gerir uma Unidade de Pronto-Atendimento na cidade que ainda não tem data para ser inaugurada. A votação ocorreu sob protesto de um grupo de manifestantes que quebrou uma das portas de vidro do prédio da Câmara Municipal e agrediu jornalistas que faziam a cobertura da sessão. O projeto de autoria do Poder Executivo recebeu 14 votos favoráveis e cinco contrários, e segue agora para sanção da prefeita Lucimar Campos (DEM).
No total, 24 pessoas foram detidas e levadas à delegacia, entre elas a presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Eliana Siqueira. A reportagem não conseguiu entrar em contato nem com a médica e nem com o sindicato.
A parafernália começou depois que manifestantes contra o projeto quebraram uma porta de vidro que dá acesso ao plenário. Na sequência, eles atiraram tinta e barras de ferro da porta contra equipes de jornalistas que estavam no corredor. Depredaram ainda a parede das dependências da Câmara.
“Não tem porque implantar OS, é desnecessário no município. É mais um meio de legalizar o desvio de dinheiro público”, disse o líder comunitário do bairro São Mateus, Sérgio Alliend, um dos organizadores da manifestação.
A vereadora Miriam Pinheiro (PMDB) também criticou o projeto lei. “A OS, desde que foi implantada em Mato Grosso, não deu certo. E não vai ser agora, em Várzea Grande, depois de tanta corrupção em cima dessas organizações sociais, que vai dar certo”, afirmou.
A parlamentar referiu-se à implantação de Organizações Sociais para gerir unidades estaduais de Saúde, em 2011. Entretanto, após suspeitas de irregularidades como falta de qualidade no atendimento prestado e descumprimento de obrigações previstas no contrato, o governo precisou intervir nos hospitais geridos pelas OSs.
Aprovação
Apesar dos protestos, os vereadores aprovaram o projeto de lei enviado pelo Poder Executivo Municipal. O vereador Claido Celestino Batista (PROS), o Ferrinho, líder da prefeitura na Câmara, defendeu a iniciativa. “Essa OS é porta aberta, é diferente das outras que eram a portas fechadas. A prefeitura não tem condições de abrir a UPA aqui. Essa OS, de quatro em quatro meses, tem que prestar conta. Se estiver dando certo, continua. Se não estiver, fecha”, declarou.
A UPA
Apesar da futura gestão já estar causando polêmica, a UPA, que já deveria ter sido entregue à população, sequer tem uma data de inauguração. O prédio localizado no bairro Ipase ficou pronto em dezembro de 2014 e custou R$ 3,5 milhões aos cofres públicos, mas ainda não tem todos os equipamentos necessários para o funcionamento. A manutenção mensal, segundo a prefeitura de Várzea Grande, deverá custar R$ 1,3 milhão.
Fotos: Reprodução/TVCA
Fonte: G1