‘Há muitas mulheres garis lindas’, diz nova musa

Olha aí. Ela tem 1,65m, olhos cor de mel, cabelos longos e negros e arranca muitos suspiros quando está trabalhando nas ruas. A exemplo de Rita Mattos, a gari carioca que varreu a internet nas últimas semanas, Graziela Merola, de 27 anos, compõe o time de musas da Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb). Para ela, a profissão é motivo de orgulho. A bela ainda defende que o preconceito com as garis bonitonas não faz sentido algum.

– Tem muitas mulheres lindas na Comlurb. As pessoas costumam ligar as garis a pessoas que não não têm estudo e feias. Não tem nada a ver, a maioria das meninas com as quais trabalho estudam ou são formadas. Eu adoro recolher lixo. Adoro a liberdade das ruas. Me sinto muito bem ao varrer, ao ser elogiada pelo meu trabalho – conta Graziela, que entrou na Comlurb em julho de 2014 e, a exemplo de Rita, trabalha no setor de emergências da companhia.

Para a gari, o preconceito contra garis bonitas não faz sentido
Para a gari, o preconceito contra garis bonitas não faz sentido Foto: Arquivo Pessoal
Para ela, a profissão é motivo de orgulho
Para entrar na Comlurb, Graziela, moradora de Campo Grande, Zona Oeste do Rio, teve que trancar o sétimo período da faculdade de Enfermagem. Além da estabilidade financeira que a nova profissão lhe daria, teria mais tempo para cuidar do filho, de 3 anos. No entanto, diz que está decidida a voltar a estudar no início de 2016 para conseguir o tão sonhado diploma.

– Cheguei a trabalhar em uma papelaria dentro da universidade, em Belford Roxo (na Baixada Fluminense). Mas precisava de um emprego melhor. Fiz a prova sem muitas esperanças de passar, mas consegui. A prova prática que foi difícil, tive que correr 1.600 metros debaixo de um sol escaldante, além de fazer muitas flexões e abdominais. Mas fui com tudo! Fiquei muito feliz quando passei – diz a gari, lembrando que a primeira coisa que fez quando começou a trabalhar foi enviar uma selfie com o uniforme para a mãe.

Frescuras passam longe da gari – trabalha com motosserra, enxada e soprador como qualquer homem. Se surgir qualquer necessidade, as mulheres do setor de emergências entram em ação. Graziela lembra que, há alguns meses, um caminhão de entulho tombou na Avenida Brasil, e que a equipe que limpou a sujeira era 100% composta por mulheres.

– Limpo rua, entro em valão, faço rapel. Faça chuva ou faça sol. Adoro aventuras! Na hora do almoço, comemos onde dá. Eu e minhas amigas fazemos do trabalho uma diversão. Dessa forma, fica muito mais agradável. E sempre tirando muitas fotos, claro – relata a gari, lembrando, no entanto, que já viveu situações de risco, como tiroteios no Complexo da Maré.

As cantadas e “gracinhas” nas ruas são constantes, mas não a incomodam nem um pouco. Para ela, basta “não dar muita confiança” para o autor do gracejo. Porém, destaca que também recebe muitos elogios pelo serviço que presta aos cariocas, que considera estimulante.

– É sempre bom ouvir um “parabéns” e que somos guerreiras. Muitas pessoas dizem que o que fazemos não é trabalho de mulher, que deveria estar sentada em uma sala com ar-condicionado. Além disso, por ser bonita, dizem que “merecia coisa melhor”. Nesse momento, trabalhar na Comlurb é o melhor para mim. Acho que não existe um perfil para ser gari, basta ter vontade – afirma.

 Foto: Arquivo Pessoal
Rita e Graziela trabalham juntas no setor de emergências da Comlurb

Em relação à repercussão das fotos de Rita, Graziela diz que “já esperava” e que até mesmo amigos de outros estados ficaram entusiasmados quando souberam que as duas eram próximas.

– A Rita é uma pessoa muito simples. É muito mais do que um rostinho bonito. Trabalha muito, não faz corpo mole. Entrei na companhia logo depois dela. Somos muito amigas – conta.

Graziela diz que Rita é muito mais do que um
Fotos: Arquivo Pessoal

Fonte: Extra

 

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