
Botou pra lá. Polêmico, autêntico, sem meias palavras e, sobretudo, um dos maiores torcedores do Esporte Clube Vitória. Essa é a descrição para Paulo Carneiro, que por anos foi presidente do rubro-negro baiano. Há quem diga que o ex-presidente representa um divisor de águas para o Leão da Barra.
Em entrevista exclusiva ao VARELA NOTÍCIAS, Paulo Carneiro quebrou o silêncio e, meses antes das eleições que definirão o próximo presidente do time, fez uma série de denúncias sobre um plano político que pretende levar o Vitória para a Fonte Nova, fazendo-o abandonar seu santuário sagrado, o Manoel Barradas, Barradão.
Varela Notícias – Qual a sua função, hoje, dentro do Esporte Clube Vitória?
Paulo Carneiro – Eles criaram uma palhaçada para me expulsar do conselho. Mas eu sou nato. Nato é o conselheiro vitalício, pra quem não sabe. Eu continuo conselheiro, mas tive que procurar a justiça pra garantir o meu direito.
VN – Há alguma possibilidade do Paulo Carneiro voltar ao Vitória?
Eu nunca me considerei fora, porque a instituição Vitória tem muito da minha família. Meu pai foi dirigente do Vitória, treinador… o primeiro massagista do Vitória foi o lavador de carro lá de casa. Portanto é muito difícil falar que o cara com o meu sobrenome vai voltar ao Vitória. Eu posso não voltar como presidente, nem me passa pela minha cabeça isso.
VN – Você seguirá como oposição do Esporte Clube Vitória então…
Sigo com certeza como oposição. Esse pessoal que está aí não serve para o Vitória. Apesar de pegarem o Vitória na terceira divisão, pegaram o Vitória estruturado, com dinheiro em caixa e uma dívida muito pequena para o que se construiu no clube.
Porque toda empresa tem dívida. Você não se constrói nada sem se endividar. Se você perguntar para a “Vale do Rio Doce” se ela tem dívida, ela terá dívidas. A Odebrech tem dívidas. Eu deixei o Vitória totalmente estruturado, como ele nunca foi na vida. De lá pra cá não aconteceu nada, apesar deles receberem muito mais dinheiro do que eu recebia, em receitas televisivas, por exemplo.
Eu recebia 5 milhões de reais das cotas de TV. Hoje eles recebem 30/35 milhões. Claro que o time faz uma boa campanha, mas aqui não se discute isso, se discute o futuro do Vitória. E o futuro do Vitória está condenado se ele for entregue à Fonte Nova.
VN – Por quê? Será mesmo um atraso de décadas, como já afirmado pelo senhor?
Eu explico porque será um atraso. Mas eu vou explicar tecnicamente e não politicamente. Primeiro que aquela Arena é monotemática e não de multiuso, como eu imaginei para o Vitória e o rebaixamento nos impediu de fazer, quando eu já tinha o alvará de construção pronto.
Ali iria ter uma área de teatro para 50 mil pessoas, uma miniarena para 12 mil pessoas, climatizada, centro de convenções, dois ou três restaurantes abertos mesmo quando não houvesse jogo… na Arena Fonte Nova há somente um estádio de futebol.
O que acontece é que os estádios de futebol são das empreiteiras e não dos clubes. E as empreiteiras precisam de vários clubes utilizando os estádios para haver retorno.
VN – O que está acontecendo na Fonte Nova, então?
O problema é que ali a conta não fecha, mas isso ninguém tem coragem de falar. Fizeram um estádio de 800 milhões de reais. Se a conta do estádio não fechar, o governo tem que bancar 110 milhões de reais por ano. Em 15 anos, dá 1 bilhão e 650 milhões de reais. Ou seja, a Fonte Nova precisa que o Vitória coloque seus jogos lá para a conta fechar.
Foto: Varela Notícias