A cada ano, aumentam as evidências de que está mudando a forma de abordagem no Dia Internacional da Mulher. As mulheres convivem diariamente com dificuldades injustificadas. E hoje apesar da lembrança, a temática deixa de ser festiva.
Elas trabalham fora, muitas vezes são a única fonte de renda familiar e cumprem a dupla ou até a tripla jornada em casa. Pelo menos 25 horas semanais dedicadas à louça, ao fogão, às roupas, aos cuidados com os filhos, com o marido. ”Mas para efeito de aposentadoria, querem passar uma borracha nesse tempo que não é registrado em nenhuma carteira de trabalho”, ressalta Sandra Fabíola, presidente do PTN Mulher.
“Seria justo retirar essa prerrogativa das mulheres, aumentando em mais cinco anos de trabalho o tempo mínimo para aposentadoria?”, questiona Sandra. “Mulheres negras sofrem ainda mais preconceito. Os salários são 30% menores que os dos homens brancos, para cargos idênticos ”, diz. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), encomendada pelo IBGE, as negras têm a maior taxa de desocupação, situações mais precárias de trabalho, recebem baixos salários e em milhares de casos, sem carteira assinada.
Sandra que acompanha o cotidiano da política brasileira há mais de 20 anos, estimula a participação das mulheres através da informação. É necessário se manter atenta, pesquisar, buscar detalhes para evitar mais perdas e reforçar o ‘empoderamento’, nomenclatura que surgiu a partir do feminismo americano. Vale refletir sobre esse poder que temos a chance de puxar pra nós”.
A Reforma da Previdência tem provocado protestos em todo o país. Para os pesquisadores, as mulheres são as que mais perdem, se a proposta for aprovada como está. “Não podemos ficar de fora dessa discussão, temos que ser ouvidas e forçar para que isso aconteça, se for o caso. A Comissão que discute a reforma na Câmara dos Deputados, por exemplo, conta. apenas com uma mulher. É muito pouco para representar o universo feminino. Nossa representatividade ainda é pequena. Somos instadas a cada dia a dinamizar o movimento em torno das mulheres, para ampliar nossas conquistas, consolidadas após duelos históricos”, ressalta.
Sandra Fabíola defende que as mulheres devem participar da política e aponta a presença da deputada federal paulista Renata Abreu, presidente nacional do PTN, como motivadora para esse novo movimento. “O nosso partido tem uma prefeita que administra a cidade de Cardeal da Silva, a doutora Mariane, e 15 vereadoras que representam nosso pensamento na Bahia. Precisamos estender nossa participação na vida política de nossa cidade, de nosso estado em busca de um país mais igualitário ”, alinhava Sandra.
É isso. Mulheres, negras e brancas, dizem que não basta visibilidade. É preciso oportunidade, emprego, apoio, participação, orientação, respeito…
Sandra Fabíola, presidente do PTN Mulher Bahia
Foto: Divulgação
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