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Jovem leva surra e é chamada de “cara de sapatão” por ser homossexual

terça-feira, outubro 14th, 2014

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Covardia. Uma jovem de 18 anos foi agredida na noite da última quarta-feira, dia 8, no bairro de Brotas, em Salvador. Em entrevista concedida ao jornal Extra, a jovem disse que “ele veio assediando, com um tom de ameaça de estupro, que ia “me arregaçar inteira”, mas até aí achei que era só misoginia. Então ele me chamou de sapata nojenta e disse que eu ia apanhar muito por causa dessa “cara asquerosa de sapatão”.
Ainda no relato, a jovem contou que “quando ele me forçou no muro e me deu um tapa, disse que era pra eu deixar de ser abusada e responder quando um homem falar comigo, porque ‘gente da minha raça é a escória desse país e tinha que ser eliminada’”.
A jovem foi atingida por socos, pontapés e teve a cabeça batida contra o chão, quando já estava quase desmaiada por causa das agressões. Durante o ataque, ela temia ser estuprada. Para se livrar do agressor, permaneceu deitada, para não desmaiar. Os golpes não só deixaram uma mancha roxa no rosto da vítima, mas também sequelas. Ela conta que começou a sentir muitas dores de cabeça e náuseas logo que chegou em casa. “Durante a semana, eu fiquei um pouco confusa e errando coisas muito simples, mas pode ser só pelo stress e pode passar com o tempo. Ainda não tive o resultado do neurologista”.
Esta não foi a primeira vez que a baiana foi agredida. Aos 15 anos, ela levou um soco de um desconhecido ao andar de mãos dadas com a namorada. Há cinco anos, ela pratica muay thai, mas nem a prática de luta a livrou das agressões. Descrente da Justiça, ela conta que só registrou a ocorrência por insistência de um amigo. Ela teme que o agressor fique impune e acredita que o crime foi motivado por homofobia.
No Facebook, a foto da jovem com o rosto marcado pelas agressões tem rendido centenas de mensagens de apoio. No desabafo, ela pede para que os amigos não se preocupem, mas deem atenção às vítimas, caso sejam testemunhas de uma agressão. Ela espera que o caso sirva de lição. De acordo com o Grupo Gay da Bahia, 313 homosexuais, transexuais e travestis foram mortos em todo o país, por causa da homofobia. Em 2014, a entidade já registrou 218 mortes até setembro. A Polícia Civil de Salvador informou que ainda está buscando o registro de ocorrência feito pela jovem.

Foto: Reprodução
Fonte: Extra